É muito provável que a crise se resolva com algum compromisso político entre Executivo e Legislativo. Convém também que deixe algumas lições sobre os graves desafios enfrentados pelo ministério da Fazenda.
O primeiro é de conteúdo. Refletindo um anseio da sociedade, o Congresso não aceita mais que as contas sejam fechadas por meio de aumento de arrecadação – nem mesmo quando isso é feito por meio de um imposto regulatório sobre o qual não teria ingerência.
Trata-se de uma sinuca para Haddad, porque o restante do governo não quer nem ouvir falar em corte de gastos. E isso inclui o ministro da Casa Civil, Rui Costa, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, e o próprio Lula. As eleições de 2026 estão chegando.
O segundo é de forma. O ministro não consultou ninguém para implementar o IOF – nem mesmo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, seu antigo aliado. Não ouviu o setor produtivo e financeiro. Não consultou Motta, Alcolumbre e o parlamento. Num governo de minoria, isso não é mais possível.
Não adianta depois recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) e alegar inconstitucionalidade. Em teoria, dá para fazer. Na prática, “é tocar fogo no país” – como disse o próprio Motta.
Se esses dois problemas não forem resolvidos, o que assistiremos é Haddad cada vez mais cansado e isolado. Seu choro hoje no evento no Paraná não vem à toa.
noticia por : UOL