As autoridades iranianas mantiveram silêncio neste domingo (25), após o cineasta dissidente Jafar Panahi ganhar o prêmio máximo do Festival de Cinema de Cannes por seu drama político.
Panahi, de 64 anos, recebeu a Palma de Ouro no sábado à noite por “It Was Just an Accident”, ou “Un Simple Accident”, um filme contra o poder dos aiatolás, rodado clandestinamente, que conta a trama de cinco iranianos que confrontam um homem que acreditam tê-los torturado na prisão.
Uma história inspirada em sua própria experiência, porque Panahi foi perseguido, torturado e encarcerado duas vezes pelas autoridades de seu país.
O diretor pôde viajar e participar do Festival de Cannes pela primeira vez em 15 anos para receber o prêmio, junto com os atores e atrizes do filme.
A vitória de Panahi até agora foi recebida com silêncio por parte do governo do Irã e foi ignorada pela mídia estatal, que em vez disso se concentrou em um festival de cinema de “Resistência” alinhado com o Estado.
A agência de notícias conservadora Fars sugeriu que a escolha do júri foi motivada politicamente, dizendo que de alguma forma foi influenciada pelos problemas políticos que cercam Jafar Panahi dentro do Irã.
Os jornais reformistas Etemad, Shargh e Ham Mihan informaram sobre a vitória em seus sites, mas não a publicaram em suas primeiras páginas, possivelmente devido ao momento do anúncio.
Panahi, a quem foi proibido fazer filmes desde 2010 e que esteve encarcerado várias vezes, dirigiu-se à audiência de Cannes com um apelo à unidade nacional.
Quando perguntado no sábado à noite se temia ser preso, disse: “De forma alguma. Amanhã vamos embora”.
noticia por : UOL