22 de maio de 2025 - 2:31

Pastor celebra ‘queda de principado’ com esvaziamento da Cracolândia em SP

No dia 15 de março de 2025, o ministério evangélico Pastores de Rua mobilizou cerca de 300 voluntários em um ato de oração na Rua dos Protestantes. O grupo declarou que seu objetivo era interceder para “quebrar o poder do principado” que havia transformado a rua — nomeada em homenagem à Reforma Protestante — em ponto de concentração de dependentes químicos, a famosa Cracolândia.

Quase dois meses depois, em 13 de maio, a mesma rua amanheceu visivelmente esvaziada. Não havia moradores de rua nem usuários de drogas no local, segundo registros de voluntários e frequentadores da área. O desaparecimento repentino dessas pessoas gerou diferentes interpretações e questionamentos.

Para o pastor Ney Viana, que atua há mais de três anos na região conhecida como Cracolândia, a mudança é resultado direto da mobilização espiritual realizada pelo grupo. “Entramos ali num ato profético muito forte, apontamos para o céu e começamos a profetizar a queda daquele principado, a queda daquele trono. Também foi decretado que, a partir daquele dia, a Cracolândia ia começar a acabar”, afirmou o pastor.

O ministério Pastores de Rua é conhecido por atuar em locais de alta vulnerabilidade, priorizando o evangelismo entre dependentes químicos. Diferente de iniciativas assistencialistas, o grupo afirma ter ajudado mais de 8 mil pessoas a deixarem as ruas apenas por meio de ações de oração e acompanhamento espiritual.

Apesar da visão positiva sobre a possibilidade de transformação, o pastor reconhece a complexidade do contexto. “Entendemos que é um problema crônico. Porém, cracolândias não devem existir”, declarou. Para ele, a existência de pontos fixos de consumo coletivo é uma maldição que precisa ser enfrentada pela Igreja. “É de um lugar daquele que a destruição avança no Estado, avança no país”, completou.

Mesmo com a redução da presença de usuários na Rua dos Protestantes, Viana afirmou que a equipe continuará realizando ações no local. “Vamos continuar fazendo o mesmo resgate. A Igreja deve se posicionar como verdadeira guerreira do Senhor”, declarou.

Prefeitura e SSP dão versões distintas

Questionado sobre o destino dos dependentes químicos que até então circulavam pela região central, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) não apresentou detalhes. Em entrevista coletiva concedida em 14 de maio, o chefe do Executivo municipal disse apenas que a situação representa um avanço. “Não dá para dizer que a gente resolveu todo o problema, obviamente que não resolveu todo o problema. Mas a gente avançou muito e precisa comemorar”, afirmou.

Diante de críticas sobre um possível deslocamento forçado dos usuários para outras regiões da cidade, Nunes negou qualquer ação nesse sentido. Segundo ele, há outros pontos críticos já conhecidos em São Paulo, como o bairro do Glicério, onde há estruturas de atendimento voltadas a essa população. “São lugares que sempre tiveram esse problema, não é algo novo”, disse.

Por outro lado, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) associou o esvaziamento da área a operações policiais recentes. De acordo com nota divulgada à imprensa, foram realizadas diversas ações para combater o tráfico de drogas, que incluíram apreensões, prisões de lideranças criminosas e o fechamento de estabelecimentos envolvidos em lavagem de dinheiro.

“Foram diversas apreensões de drogas, prisões de lideranças que atuavam na área e o fechamento de estabelecimentos usados para lavar o dinheiro obtido com a venda de entorpecentes. Essas ações se somaram ao reforço no policiamento e à intensificação de investigações, separando o criminoso do dependente químico”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, de acordo com o Pleno News.

FONTE : Gospel Mais

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