Em um artigo publicado recentemente, o pastor e teólogo Renom Azevedo abordou a relação entre a masculinidade cristã e a responsabilidade familiar, tomando como base o versículo “maridos, cada um de vós amai a vossa esposa, assim como Cristo amou a sua Igreja e sacrificou-se por ela” (Efésios 5:25). Para ele, a incompreensão desse princípio tem contribuído para a desestruturação de lares, inclusive entre famílias cristãs.

Azevedo destacou que o amor exemplificado por Cristo é “não negociável e não reativo”. “Cristo não esperou a Igreja amá-lo primeiro ou demonstrar arrependimento. Ele agiu, assumiu a responsabilidade pela salvação dela mesmo quando não havia um justo sequer”, afirmou, referindo-se à natureza sacrificial e unilateral do amor divino.

Segundo o pastor, essa postura deve ser replicada pelos homens em suas famílias: “Você se coloca como solução, independente dos fatos anteriores ou posteriores. A masculinidade cristã não depende de reconhecimento ou reciprocidade”.

Impacto intergeracional

O teólogo enfatizou que as ações dos pais moldam a percepção dos filhos sobre relacionamentos. “Quando você cuida da sua família, está educando a próxima geração sobre como tratar seus cônjuges”, explicou.

Ele criticou a ideia de que obrigações familiares podem ser negligenciadas devido a conflitos: “Melhorias no relacionamento devem ser tratadas, mas não são desculpa para descumprir deveres. Sua masculinidade não depende do que fazem ou deixam de fazer por você”.

Azevedo rejeitou a noção de amor como “moeda de troca”. “Homens não cuidam de suas esposas apenas se recebem sexo, comida ou qualquer contrapartida. Fazem porque é seu dever, porque é correto”, afirmou. Para ilustrar, relatou um diálogo com seu filho de 7 anos:

— “Você é o quê?”
— “Um homem.”
— “E…” (silêncio para a criança completar).
— “Eu faço a coisa certa.”

“Essa é a essência: agir com integridade, independente das circunstâncias”, reforçou, citando 1 João 4:19 (“Nós amamos porque Ele nos amou primeiro”).

O pastor criticou visões distorcidas de masculinidade que, segundo ele, priorizam “direitos” sobre “responsabilidades”. “Ser homem, no modelo de Cristo, é sobre servir, não sobre ser servido. É sobre assumir custos, não exigir privilégios”, declarou. Ele alertou que a falta desse entendimento gera “lideranças fracas” e “famílias sem referência”.

Renom de Azevedo finalizou com um apelo: “Homens, façam a coisa certa. Sua identidade não é negociável”. Além de pastor na Igreja Batista da Graça, ele é diretor do Instituto Dinamus, teólogo e autor de obras como Masculinidade em Crise: Uma Resposta Bíblica. Com: Comunhão.