12 de maio de 2025 - 16:00

Vulgaridade maior de BC, Senna Tower merece deboche superlativo

Os cafonas andam produzindo muito e ninguém os incomoda. Os que se consideram amantes da arquitetura nada fazem para virar essa onda. Vivem em sua bolha passiva, enquanto debatem que arquiteto estrelado vão contratar pra sua casa de fim de semana.

A riqueza no Brasil raramente se traduz em beleza. Só uma MacKenzie Scott sonharia em termos mais preocupação social com mais mobilidade, sustentabilidade, beleza ou menos ostentação. Mas, pelo menos, poderia se esperar que aqueles no topo da pirâmide financeira produzissem beleza pra si próprios.

Recentemente, um documentário feito por e para gente estacionada no século 19, chamado “O Fim da Beleza”, fez sucesso entre bolsonaristas. Feito pela produtora Brasil Paralelo, com vários padres e teólogos entrevistados _ nenhum arquiteto importante foi ouvido. Sem exceção, todos manifestavam saudades de cidadezinhas medievais ou da arquitetura de catedrais e palacios. O sonho deles exigiria mandar de volta pra enxada os bilhões de pessoas que trocaram o campo pelas cidades no último século, para que encolhêssemos à escala de vilarejos renascentistas. E contar com batalhões de servos ou escravos pra recriar os castelos de antanho, sem pressa.

Mas esses mesmos bolsonaristas chorosos pelo “fim da beleza” jamais investem em arquitetura ou arte quando têm a oportunidade e o orçamento para construir. Detratores do “comunista” Niemeyer e de seus prédios “pouco funcionais e repetitivos”, só conseguem erguer espelhados na praia, com massa corrida branca frente à maresia.

Discutir arquitetura no Brasil é ingrato. A esquerda no poder público produz os condominios do Minha Casa Minha Vida com incorporadoras amigas. A direita do mercado faz horrores no país inteiro, não só na pobre BC. Não adianta ser cético e desprezar o Estado, e só produzir mediocridades privadas. Os dois lados têm como regra a vulgaridade arquitetônica, com indignação seletiva.

Dinheiro novo pode se aculturar. O Texas tem algumas das maiores universidades, óperas e museus do mundo. Até a Florida já progrediu nesse quesito. Mas do interior de São Paulo ao Mato Grosso, décadas de desenvolvimento econômico não produziram nenhum boom cultural.

noticia por : UOL

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