4 de maio de 2025 - 19:14

Sob olhar dos EUA, Romênia volta às urnas após eleição cancelada

A população da Romênia vota no domingo em uma repetição da eleição presidencial que pode levar o ultranacionalista George Simion ao poder, um resultado que provavelmente causará desconforto na União Europeia e na Otan e inquietará os investidores.

O eurocético de ultradireita liderou as pesquisas de opinião para o primeiro turno de votação, cinco meses após a votação original ter sido cancelada em dezembro de 2024 devido a uma suposta interferência russa. Moscou nega as acusações.

Os Estados Unidos enviaram uma equipe de observadores eleitorais à Romênia, de acordo com um alto funcionário do governo americano, em meio a críticas de Washington sobre a decisão de cancelar a votação inicial de 2024.

O vice-presidente americano, J. D. Vance, disse que a anulação foi feita com “evidências frágeis” e que Bucareste não compartilhava dos valores americanos. O cancelamento foi acompanhado de uma controversa decisão da Justiça de barrar a candidatura de Calin Georgescu, 63, líder da ultradireita pró-Rússia que venceu o primeiro turno e era chamado de “Trump romeno”. O segundo turno, que ocorreria em dezembro do ano passado, foi suspenso.

Agora, George Simion espera se beneficiar da ampla indignação pública com o cancelamento eleitoral e herdar o apoio de Georgescu, a quem substituiu nas urnas.

Simion, 38, opõe-se à ajuda militar à vizinha Ucrânia, é crítico da liderança da União Europeia e apoiou o movimento Make America Great Again de Trump. Cristão conservador, apoiou um referendo fracassado em 2018 que pretendia impedir que casais do mesmo sexo pudessem se casar.

Uma vitória de Simion poderia isolar a Romênia no exterior, reduzir o investimento privado e tornar o país um membro menos previsível e cooperativo da União Europeia e especialmente da Otan em relação à ajuda militar a Kiev, favorecendo a Rússia.

Simion está com cerca de 30% nas pesquisas de opinião, dando-lhe uma confortável vantagem sobre dois centristas, mas sugerindo que não conseguirá votos suficientes para evitar um segundo turno, no próximo dia 18, contra quem ficar em segundo lugar. Seus principais rivais eleitorais são o ex-senador Crin Antonescu e o prefeito de Bucareste, Nicusor Dan.

Antonescu, 65, é apoiado pelos três partidos do atual governo pró-Ocidente. Dan, 55, concorre como independente com uma plataforma de reforma. Ambos são pró-União Europeia e Otan e apoiam a Ucrânia.

Em um relatório de análise, o banco JP Morgan afirmou que uma vitória de Antonescu implicaria a manutenção do status quo, enquanto um triunfo de Simion acarretaria o ‘maior risco de reajuste da coalizão governista e, portanto, a maior incerteza’.

A repetição da eleição paralisou os esforços do governo para reduzir o maior déficit orçamentário da UE, colocando o país em risco de rebaixamento da classificação para abaixo do nível de investimento.

Se eleito, Simion disse que tornará público “quanto contribuímos para o esforço de guerra na Ucrânia em detrimento de subsídios para crianças romenas e pensões para nossos idosos”.

Simion apoiou, ainda, a reivindicação da restauração das fronteiras romenas de 1940, que incluem territórios agora na Bulgária, Moldova e Ucrânia. Por essa posição, ele está atualmente proibido de entrar nestes dois últimos países.

noticia por : UOL

Ouvir Band FM

--:--
--:--
  • cover
    Band FM 99.3

LEIA MAIS