2 de maio de 2025 - 1:37

Conheça a história do casal que plantou mais de 200 igrejas no Brasil

Aos 96 anos, Maria de Oliveira Kley relembra uma trajetória marcada pela atuação missionária da Assembleia de Deus em diferentes regiões do Brasil. Natural do Espírito Santo, ela e seu esposo, o pastor Guilherme Eugênio Kley (falecido), atuaram por décadas na fundação de igrejas evangélicas, ultrapassando a marca de 200 templos organizados em diversos estados.

Segundo Maria, o pastor Guilherme era amplamente reconhecido pelo trabalho evangelístico: “Ele era muito respeitado por onde passava. Tinha orgulho de ser pastor e de construir igrejas. Não conheci outro pastor que tenha edificado tantas quanto ele”, afirmou em entrevista concedida à revista Comunhão.

A atuação de Guilherme Kley foi lembrada não apenas no âmbito religioso. Em reconhecimento à sua contribuição à sociedade, seu nome batiza duas vias públicas no Espírito Santo: a Rua Guilherme Eugênio Kley, em Cachoeiro de Itapemirim, e a Rua Pastor Guilherme Kley, no centro do município de Fundão. Este último também foi o local onde exerceu mandato de vereador. No entanto, segundo registros, ele optou por não permanecer no cargo, preferindo dedicar-se integralmente ao ministério cristão.

Além das ações pastorais, Guilherme Kley também promoveu iniciativas na área da educação. Em Fundão, liderou a construção de duas escolas, que permanecem em funcionamento até hoje, segundo relato de moradores.

Maria Kley, por sua vez, destacou-se no apoio direto à comunidade, especialmente no acolhimento de novos convertidos e no cuidado com os membros das igrejas plantadas: “Eu não era de pregar, mas cuidava dos congregados. Quando chegava um recém-convertido, eu acompanhava, ajudava, levava para minha casa, partilhava o pão. Era uma época muito boa”, relatou.

Um episódio mencionado por Maria ilustra sua atenção à espiritualidade cotidiana dos fiéis. Segundo ela, ao perceber que um membro da igreja a cumprimentou com um simples “boa tarde” em vez da tradicional saudação “a paz do Senhor”, decidiu abordá-lo: “Fui atrás dele, conversei e falei: ‘Irmão, o senhor está se desviando, não deu a paz do Senhor’. Fiquei ali com ele, conversando um pouco, e depois voltei para casa”. Na mesma noite, recebeu a visita da esposa do fiel, que contou que ele havia retomado a leitura da Bíblia após o diálogo.

Pastor Guilherme Kley permaneceu em atividade ministerial até o ano de 1978. Nesse período, ele e Maria realizaram inúmeras visitas domiciliares com o objetivo de compartilhar mensagens bíblicas com famílias da comunidade: “Era maravilhoso quando fazíamos as visitas juntos. Sempre levávamos uma palavra de fé e ânimo”, lembrou ela.

A trajetória do casal também foi marcada por episódios de violência. Em uma Sexta-feira da Paixão, enquanto oravam em uma congregação localizada em uma área carente e sem infraestrutura, foram surpreendidos por um homem armado com uma ripa de madeira: “Era uma igreja simples, no alto de um morro, sem luz, sem água”, disse Maria. Durante o ataque, ela foi atingida no rosto e desmaiou. O pastor a socorreu e a levou até uma farmácia, onde recebeu atendimento sem anestesia: “Foi doloroso, mas eu não senti dor. Deus me sustentou”, relatou.

Quinze dias após o incidente, o pastor procurou a delegacia local e solicitou a liberação dos agressores, alegando que eles tinham filhos pequenos. A decisão sensibilizou os envolvidos, que posteriormente se converteram ao Evangelho.

Apesar das dificuldades, Maria Kley afirma olhar para o passado com gratidão: “Passamos por muitos momentos difíceis, mas enfrentamos tudo com amor. Foi uma bênção fazer a obra de Deus com alegria”, disse.

Para ela, o maior legado do casal é o impacto espiritual deixado nas comunidades onde atuaram: “O que me alegra é saber que muitas vidas foram salvas por meio do trabalho do pastor Guilherme – e eu tive o privilégio de estar ao lado dele. Sou feliz até hoje”, concluiu.

FONTE : Gospel Mais

Ouvir Band FM

--:--
--:--
  • cover
    Band FM 99.3

LEIA MAIS