Em discurso na tribuna da Câmara dos Deputados na última terça-feira, 15 de abril, o deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) criticou publicamente o pastor Silas Malafaia, após ser chamado de “dissidente” por ter votado contra a proposta de anistia aos presos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Rodrigues foi o único parlamentar do Partido Liberal a se posicionar contra o projeto de celeridade para o perdão aos manifestantes. Em sua justificativa, o deputado afirmou que não cederia a pressões externas e defendeu a preservação do equilíbrio entre os Poderes.
“Tenho seis mandatos e não me guio por pressões, circunstâncias ou apelos de ocasião, que são irrestritos e acelerados pelo legislativo, sem diálogo efetivo com o Judiciário”, declarou Rodrigues.
Antonio Carlos Rodrigues já foi ministro dos Transportes no governo de Dilma Rousseff (PT) e é conhecido por manter proximidade com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, o Parlamento “não pode assumir o papel de julgador sob a pena de suprimir a atuação do Poder Judiciário”.
Em sua fala, Rodrigues destacou que busca uma “solução institucional equilibrada” para o caso, respeitando tanto o devido processo legal quanto o sofrimento das famílias envolvidas nos processos judiciais.
No entanto, foi o tom adotado por Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Advec), que provocou a reação mais dura do parlamentar. Referindo-se ao pastor, o deputado disse:
“Lamento que, no momento em que o país clama por seriedade e equilíbrio, ele opta por adotar um discurso que contribui com o acirramento dos ânimos”. E completou: “Não elegeu nem o teu vereador na capital”, em referência à tentativa frustrada de Malafaia em apoiar um candidato ao cargo de vereador no Rio de Janeiro.
Resposta de Silas Malafaia
Na noite seguinte, quarta-feira, 16 de abril, Malafaia respondeu pelas redes sociais, referindo-se a Antonio Carlos Rodrigues como “milionário deputado do PL de São Paulo”.
No vídeo, ele associou o parlamentar ao ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “ditador da toga”, e afirmou: “Ele é amissíssimo do ditador da toga, Alexandre de Moraes. Está entendendo? Aí, a narrativa que ele usa, de tanto conviver com o PT, é porque ele foi ministro de Dilma, que ele aprendeu a construir narrativa mentirosa”.
Malafaia defendeu que Rodrigues seja expulso do Partido Liberal: “Você tinha que ser expulso do PL, cara”, declarou.
O líder assembleiano também rebateu a sugestão de que somente parlamentares podem participar do debate político. “Onde é que está na Constituição que só deputado pode participar de debate político? Qualquer cidadão pode participar do debate político e questionar Legislativo, Judiciário e Executivo. Você é um preconceituoso”.
Sobre a crítica de que não conseguiu eleger um vereador no Rio, Malafaia afirmou que apoiou 11 candidatos na eleição municipal, dos quais 8 foram eleitos. “É verdade, eu perdi aqui no Rio. Sabe por quê? Me dediquei tanto a desmascarar a farsa de Pablo Marçal que esqueci aqui do Rio de Janeiro”, disse, acrescentando que teve êxito em outras campanhas no país, incluindo a eleição do deputado Sóstenes Cavalcante, a quem se referiu como “meu ex-funcionário e um gigante da anistia”.
A gravação foi encerrada com uma declaração ambígua: “Vai passear no seu avião com seu amiguinho, o ditador da toga, Alexandre de Moraes”, sem maiores explicações sobre o teor da acusação, de acordo com informações do Pleno News.
Contexto
O projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 vem sendo discutido entre parlamentares da base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro, com apoio de líderes religiosos, especialmente evangélicos.
Silas Malafaia tem sido um dos principais defensores da proposta e usa frequentemente suas redes sociais para pressionar parlamentares do PL e partidos aliados a apoiar a medida.
Antonio Carlos Rodrigues, por sua vez, tem adotado uma posição isolada dentro de seu partido, alegando que a tramitação acelerada do projeto compromete o diálogo institucional com o Judiciário e pode ferir princípios constitucionais.
FONTE : Gospel Mais