Livros devocionais, como o sucesso estrondoso Café com Deus Pai, podem carregar um risco que a maioria dos fiéis pode não se dar conta. Esse foi um dos temas da participação do pastor Hernandes Dias Lopes no podcast de Rogério Vilela, Inteligência Ltda.

Durante a entrevista, Vilela abordou Hernandes Dias Lopes sobre publicações como Café com Deus Pai: “Está muito em moda os devocionais, livros que você abre toda manhã e lê um trecho, tem todo um estudo”, comentou o apresentador.

Hernandes, prontamente, comentou que o modelo de literatura em si não é um problema: “Eu, inclusive, tenho vários livros nessa área. Mas [é necessário] um cuidado, porque hoje, infelizmente, tem muita influência de uma teologia chamada coaching. Motivação”, pontuou.

Segundo o pastor presbiteriano, a motivação por si só não representa problema: “É claro que a Bíblia pode ser um livro altamente motivacional. E é, no sentido de restaurar sua alma, de alegrar seu coração, trazer o confronto e o consolo de Deus para o seu coração”.

Onde está o risco?

Hernandes afirmou que embora seja importante receber encorajamento, “nós precisamos ter cuidado para que a gente não se aproxime da Bíblia e tire dela só o doce e não queira o amargo”.

“Tem hora que tem o amargo, tem hora que Deus diz ‘arrependei-vos’, que Deus dá uma ordem para o camarada abandonar o caminho errado. Então se eu uso um devocional, uma mensagem, usando só o que me interessa da Bíblia, me favorece, me convém, eu estou sonegando às pessoas todo o conselho de Deus, e Paulo fala ‘eu preciso pregar todo o conselho de Deus’, não só o que me agrada”, conceituou o pastor.

Esse princípio acompanha os evangélicos desde o início da história do protestantismo: “É por isso que o princípio da Reforma era sola scriptura, tota scriptura. Eu não posso ser seletivo”, enfatizou.

No final de sua fala, Hernandes também se posicionou contra um movimento de liberalismo teológico, que tem como principal voz Ed René Kivitz, que fala sobre uma nova forma de interpretar as Escrituras que permita o acolhimento de pessoas que vivem de maneira contrária ao texto bíblico:

“‘Tá pegando pesado demais’. Hoje tem muita gente dizendo ‘não, isso aqui tem que ser reinterpretado, não é bem assim, o entendimento da sociedade mudou sobre este ou aquele outro assunto’. Não! A Bíblia não é arcaica, não fica obsoleta. Sua mensagem é atual, é viva, é para todas as épocas, todos os tempos, nunca precisa ser ressignificada, nunca precisa ser atualizada. Ela é a Palavra de Deus”, sublinhou.