2: o tal projeto de anistia, que já tinha de enfrentar muitos percalços — e, se aprovado fosse, seria considerado pelo STF aquilo que é: inconstitucional —, agora não demanda mais trabalho de convencimento ou de conquista de adesões. O filho de Bolsonaro está a dizer: “Ou vocês se alinham com a gente, com a nossa tática do vale-tudo, ou não serve. Eduardo tem a ambição de comandar, lá dos EUA, uma insurreição do Congresso e das ruas contra o Supremo;
3: Eduardo, como “o homem acolhido por Trump”, evidencia que Bolsonaro não acredita mais na reversão da inelegibilidade nem alimenta esperança de que venha a ser absolvido. Ao comentar a decisão de Alexandre, que mandou arquivar o pedido para reter seu passaporte, afirmou o fujão:
“Não tem a mínima possibilidade de voltar ao Brasil. O Brasil já não é mais um local seguro para se fazer oposição; não há liberdade de expressão. E o Alexandre de Moraes, como a gente sabe, é um psicopata”.
4: nos meios políticos, uma das apostas era a de que Bolsonaro seguiria se dizendo candidato até a undécima hora para esquentar o lugar para Tarcísio, servindo como o seu para-raios; o próprio ex-mandatário disse isso à “Veja”. A outra assegurava que o dito “Mito” não aceitaria um candidato sem o seu sobrenome, e Eduardo seria o ungido;
5: foi Valdemar Costa Neto, presidente do PL, a resistir à indicação de Eduardo para a presidência da Comissão de Relações Exteriores porque isso comprometeria todo o partido e a própria comissão com a tática do “tudo ou nada” contra o Supremo. Em nota, o partido lamentou a decisão do seu deputado, mas ponderou:
“O Partido Liberal segue a postos, acreditando na força política do nosso país e nas instituições dos Três Poderes para atravessar esse momento difícil que estamos vivenciando”.
Isso parece dizer que o partido não endossa a estratégia de “fogo no parquinho”;
O ÓBVIO
Se Bolsonaro acreditasse na reversão da inelegibilidade ou na absolvição no caso dos crimes comuns, é claro que essa patuscada do seu filhote não estaria em curso. E isso nos diz, desde já, que ele admite tacitamente que não será candidato. É claro que Eduardo também não. Afinal, não poderia concorrer estando “asilado”… Michelle não tem estofo para a empreitada. Zema é só um humorista involuntário, e Ronaldo Caiado é uma alternativa de direita, mas não se submete aos desígnios do pai de Eduardo. Vamos voltar a Tarcísio.
É claro que a fuga de Eduardo e essas implicações que listei acima fazem do governador de São Paulo, o nome possível da extrema-direita hoje. “Grande segredo de Polichinelo esse, Reinaldo! Nós o vimos no palanque pró golpe de domingo…” Sim, é verdade: Tarcísio sempre foi uma alternativa, mas todos sabiam que se pretendia decidir isso mais adiante. Por alguma razão ainda obscura, a largada da corrida foi antecipada.
noticia por : UOL