No dia seguinte à prisão, Moraes determinou perícia para confirmar o estado mental do investigado, mas o laudo do IML (Instituto Médico Legal) só saiu cinco meses depois. No processo, a Polícia Civil de Minas Gerais disse que o exame foi marcado na data mais próxima possível e que não poderia antecipá-lo sem passar na frente de outros investigados que já tinham agendamento.
IML também alegou que não poderia agendar o exame antes porque não recebeu a denúncia e nem foi informado sobre os crimes imputados a Guerra. O caso tramitava em sigilo até 28 de maio de 2024.
Peritos concluíram que o homem sofre de psicose e déficit cognitivo. Após receber o laudo, Moraes concedeu prisão domiciliar, em junho de 2024. Até então, Guerra ficou em um presídio em Divinópolis (MG) por seis meses.
Homem teria morrido se tivesse permanecido na prisão, diz advogado. Ao UOL, o criminalista Roberto de Araújo disse que a demora do processo é plausível, já que tramitam tantas ações relacionadas ao caso, mas que o andamento poderia ter sido mais rápido. “Se ele tivesse ficado na prisão, já teria morrido. Ele chegou em estado deplorável, não estava se alimentando”, contou. “Não houve nenhuma intenção de castigá-lo com a demora, tivemos que esperar o andamento do processo, com inquérito, denúncia, as fases de instrução e as alegações finais. Mas realmente, houve uma demora considerável.”
Advogados vão pedir para Moraes descontar pena que Guerra já cumpriu. O ministro determinou que o homem seja submetido a tratamento psiquiátrico ambulatorial por dois anos e depois passe por uma nova perícia para verificar se a periculosidade persiste. Entre o regime fechado e o domiciliar, Guerra ficou preso por um ano, dois meses e dez dias. “Ficamos satisfeitos com a decisão de reconhecer que ele não tinha culpa. Ele não oferece nenhum perigo”, disse Araújo.
noticia por : UOL