10 de março de 2025 - 19:03

Apesar de controvérsias, Movimento de Lausanne manterá Declaração de Seul

A liderança do Movimento de Lausanne anunciou que a Declaração de Seul permanecerá inalterada, apesar das controvérsias geradas em torno da abordagem sobre temas contemporâneos na publicação.

O comunicado foi feito durante uma teleconferência realizada cinco meses após o encerramento do 4° Congresso de Lausanne sobre Evangelização Mundial, ocorrido na Coreia do Sul em 2024.

A declaração foi divulgada logo no primeiro dia do evento e sofreu edições de última hora em seções sobre homossexualidade, o que gerou insatisfação entre alguns participantes. Representantes de diferentes grupos expressaram o desejo de um debate mais amplo, que permitisse ajustes no documento.

Com a presença de 5.400 participantes presenciais e mais 2.000 online, Lausanne 4 foi o maior evento da história do movimento, refletindo uma ampla diversidade teológica e cultural.

Documento finalizado

A teleconferência reuniu cerca de 200 participantes, que ouviram diretamente os presidentes do Grupo de Trabalho de Teologia (TWG), Ivor Poobalan e Victor Nakah, sobre o desenvolvimento da declaração e suas implicações para a missão global.

Durante o encontro virtual, o diretor de comunicação do Movimento de Lausanne, Michael du Toit, respondeu a uma pergunta sobre a possibilidade de novas revisões, afirmando: “A Declaração de Seul está em sua forma final”.

No site oficial de Lausanne, uma nota publicada dois dias antes da teleconferência reconhecia os feedbacks recebidos, mas reforçava que nenhuma outra revisão seria feita. O texto afirmava que as contribuições dos participantes seriam utilizadas para futuros estudos e explorações teológicas, sem impacto na versão final do documento.

Processo de elaboração e motivação

Os copresidentes do TWG explicaram que o grupo foi formado a partir de indicações da liderança do Movimento de Lausanne, reunindo cerca de 30 teólogos de diferentes regiões do mundo. Segundo Poobalan, a elaboração da declaração seguiu a diretriz do Congresso, inspirada no livro de Neemias, que enfatiza a reconstrução de muralhas e o preenchimento de lacunas.

“Identificamos lacunas na compreensão teológica e missionária do Evangelho e focamos nelas”, afirmou. Com isso, o documento foi estruturado em seis temas centrais, incluindo:

  • Interpretação das Escrituras – Destacando a necessidade de uma hermenêutica evangélica clara.
  • O papel da Igreja – Esclarecendo sua função na salvação e na missão global.
  • Discipulado – Identificado como uma das principais lacunas contemporâneas.

Poobalan também ressaltou que, ao contrário de outros documentos históricos do movimento, nunca houve a intenção de envolver todos os participantes do Congresso na redação do texto. Segundo ele, a declaração foi concebida para servir como um recurso para debates, complementando documentos anteriores como o Pacto de Lausanne (1974), o Manifesto de Manila (1989) e o Compromisso da Cidade do Cabo (2010).

Reações e questionamentos

Apesar da confirmação da versão final, questionamentos sobre o processo e o conteúdo da declaração persistiram. Durante a teleconferência, um diretor regional de Lausanne expressou preocupação sobre a falta de ênfase no evangelismo, um dos pilares históricos do movimento.

“Enviei essas perguntas por e-mail antes da publicação do documento, e depois duas vezes. Nunca obtive resposta. Haverá um retorno?”, questionou no chat do evento.

Outro participante apontou que a diversidade étnica dos teólogos envolvidos na elaboração da Declaração de Seul não se refletiu em uma diversidade teológica equivalente: “Enquanto a humildade foi mencionada no documento, opiniões divergentes ainda estão ausentes. Isso pode encerrar debates teológicos de forma prematura?”, questionou.

Diante das críticas, a liderança do Movimento de Lausanne reforçou que as discussões continuam abertas por meio da plataforma online Action Hub. O diretor de conteúdo de Lausanne, Jason Watson, incentivou os participantes a prosseguir com os debates: “Este é um espaço para interagir e continuar refletindo sobre o documento e seus impactos na missão evangélica mundial”, afirmou, de acordo com informações do portal The Christian Post.

FONTE : Gospel Mais

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