“As chances de um asteroide atingir a Terra em 2032 acabaram de aumentar” – manchete do jornal britânico The Guardian. Bom, a nossa parte estamos fazendo; já era hora do asteroide se mexer. 

“Fernanda Torres, se você não ganhar esse Oscar, terá sido roubada” – Mia Khalifa, atriz pornográfica, após assistir “Ainda Estou Aqui”. Até que enfim uma especialista do ramo opinando com propriedade sobre o cinema nacional. 

“Temos sido vítimas de reiteradas tentativas de censura, intimidação e perseguição por aqueles que colocam-se [sic] como defensores da livre expressão” – Sleeping Giants Brasil, grupo que promove a censura a perfis conservadores no Brasil. Finalmente, eles encontraram algo que não conseguem cancelar: a Terceira Lei de Newton. Para cada ação… 

“Pessoa inseminada” – termo proposto por Tony Evers, governador do estado de Wisconsin, nos EUA, para substituir a palavra mãe de forma supostamente neutra. Só resta ao povo de Wisconsin fazer o “governador” virar “pessoa desempregada” nas próximas eleições. 

“BRICS deve promover nova ordem mundial” – Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil. Ou seja, a velha desordem brasileira de sempre. 

“Marçal inelegível. Uma medida civilizatória” – Leonardo Attuch, jornalista de extrema esquerda. Só vamos alcançar o ápice civilizacional no dia em que pudermos votar apenas nos candidatos previamente aprovados por ele.

“Não nos assustamos com manifestações” – Gleisi Hoffmann, deputada federal (PT-PR), sobre atos convocados pela direita em favor da anistia e pelo impeachment de Lula. Exceto, é claro, quando as manifestações eram as da PF batendo à porta às 6 da manhã. 

“Desfiles de Carnaval com temática africana são todos iguais e ninguém entende nada” – Paulo Barros, carnavalesco da Unidos de Vila Isabel. Olha o cancelamento aí, gente! Chora cavaco! 

“Acho que ela [Anielle Franco] caiu numa armadilha” – Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos. Caiu mesmo, e tenho até minhas suspeitas sobre quem possa ter armado a arapuca. 

“Esse processo de ‘fritura’ na imprensa é inconcebível, não deveria acontecer” – Nísia Trindade, ex-ministra da Saúde, culpando supostas fake news por sua demissão. A imprensa criticando o governo!? Que absurdo, pensei que estivéssemos em uma democracia. 

“Assinei dois atos que proíbem cartazes, banners e trajes inadequados na Casa” – Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados (Republicanos-PB). E, para reforçar que o Brasil é um eterno carnaval, homem vestido de mulher continua liberado no Congresso.  

“O lucro da Petrobras foi impactado por uma coisa que não é real. É uma coisa imaginária” – Magda Chambriard, presidente da estatal. Deve ser culpa daqueles velhos fantasmas voltando a assombrar os cofres da empresa. 

“Ricardo Nunes morou por quatro meses num imóvel de um empreiteiro que recebeu milhões em contratos sem licitação” – Tábata Amaral, deputada federal (PSD-SP), acusando o prefeito de SP. Pelo histórico da Tábata, isso praticamente o qualificaria para disputar a presidência em 2026. 

“Salvamos a democracia brasileira e, graças a Deus, estamos vivos” – Geraldo Alckmin. Após ver o destino dos amigos do Hezbollah e Hamas, eu também agradeceria a Deus por estar vivo todos os dias. 

“Dois indígenas são resgatados após passarem um dia perdidos na mata em Roraima” – manchete do portal Nortão MT. Só teriam sobrevivido graças ao instinto ancestral da floresta e ao ar-condicionado da picape. 

“Foi o branco que criou a escravidão e a pilhagem, as guerras e as destruições” – Etiene Martins, professora da Universidade Federal Fluminense. A pesquisadora teria citado como fonte um estudo da Universidade Marvel para provar que a África era um paraíso high-tech chamado Wakanda antes dos europeus pisarem lá. 

“Processo de Trump contra Moraes é simbólico e deve ser ignorado” – José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça de Lula, em previsão na CNN Brasil. Cuidado, Moraes. Ele falou a mesma coisa para o Cesare Battisti. 

“Big techs não são enviadas de Deus” – Alexandre de Moraes, ministro do STF. Como o ministro sabe? Perguntou para Ele antes de cair? 

“Para combater o mal, é importante reconhecermos as raízes desse mal. Esse era o discurso do Tio do Churrasco” – Alexandre de Moraes, dissertando sobre uma suposta volta do fascismo. E, como punição, o Tio do Churrasco acabou ficando sem picanha. 

“Não há nenhum desconforto, nenhum incômodo” – Flávio Dino, ministro do STF indicado por Lula, sobre a isenção necessária para julgar Bolsonaro, a quem chamou de demônio antes de entrar para a Corte. Pelo visto, nenhuma vergonha também. 

“A vida de magistrado é quase que uma vida de monge”

Orlando Perri, desembargador do TJMT, negando a existência de supersalários no Judiciário (o excelentíssimo ganhou em média, durante 2024, R$ 78 mil por mês, de acordo com reportagem do Estadão). Pois é, alguns levam a vida monástica tão a sério que até fizeram voto de pobreza. Pobreza moral, é claro. 

“Eu já passei agruras na magistratura financeiramente. Hoje estamos vivendo um período de bom salário” — Orlando Perri, desembargador do TJMT. Em janeiro deste ano, ele recebeu R$ 111 mil.

“Pouco tempo atrás, eu confesso a vocês, eu tive de sair do meu plano de saúde da Sul América e tive de migrar para a Unimed porque eu não estava conseguindo pagar um plano de saúde digno para mim e para a minha família. É assim a vida do magistrado” — Orlando Perri. Não tema, excelência, o pessoal da esquerda diz que o SUS é maravilhoso.

“O garçom disse, interferindo na nossa conversa em um restaurante, que ganhava mais do que eu, juiz” — Orlando Perri. O garçom era ninguém mais ninguém menos que Elon Musk.

“Se você não impugnar os juízes corruptos, eles formarão uma ditadura judicial para proteger a corrupção sistêmica que os colocou em seus cargos” – Nayib Bukele, presidente de El Salvador. E, então, vão decidir que o corrupto é você.

“Parece que ele está tentando esconder seus bens” – Elon Musk, sobre suposta transferência de patrimônio de Moraes para fora dos EUA. Os bens ele esconde; já os males, ele escancara para quem quiser ver. 

“Continuo a achar que o Brasil ainda é uma das melhores opções de investimento no mundo” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF, dando pitaco na economia. Taí uma boa dica para um coleguinha que parece ter pressa em mover seus ativos no exterior. 

“[Moraes] não costuma viajar para o país, nem tem planos de voltar lá tão cedo” – Mônica Bergamo, jornalista, sobre possíveis viagens de Moraes aos Estados Unidos. Tudo depende de onde o Doria vai marcar seu próximo convescote pós-eleitoral. 

“Inquérito do Golpe é mais grave que o Mensalão” – Gilmar Mendes, ministro do STF. Sim, a cada dia fica mais claro que o Mensalão foi apenas o primeiro passo na longa jornada para salvar nossa democracia. 

“Tenho certeza de que ele permanecerá proferindo ótimas palestras em todo o território brasileiro, assim como nos países irmãos” – Flávio Dino, ministro do STF, prestando solidariedade ao colega Alexandre de Moraes. Resta saber o que ele ainda teria para ensinar a Cuba ou Venezuela. 

“Não tememos a verdade, nem muito menos a mentira” – Luís Roberto Barroso. Disso ninguém duvida, não temem a verdade porque acham que está derrotada, e a mentira porque é uma amiga íntima. 

“Contra proposta anti-Xandão dos EUA, Câmara pode aprovar projeto para barrar estrangeiro de entrar no Brasil” – Lauro Jardim, jornalista. É, o Trump vai ter que trocar o arrastão em Copacabana por um simples pickpocket em Miami. 

“Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822 e, com coragem, estamos construindo uma República independente e cada vez melhor” – Alexandre de Moraes, ministro do STF, reagindo a seus problemas legais nos EUA. Só ainda não conseguimos nos livrar de monarcas com gostos exóticos e delírios de grandeza. 

“Recorrer a quem?” – Martin De Luca, advogado da empresa Rumble, suspensa no Brasil por Alexandre de Moraes, ao ser perguntado se a empresa recorreria da decisão durante entrevista à CNN Brasil. A única forma de recorrer no Brasil de hoje seria indicar seus próprios advogados para o Supremo. 

“Quem determina o que é verdade e o que é mentira?” – questiona Martin de Luca, advogado da Rumble e Trump Media Group. Ora, é fácil: você abre a boca, se for censurado, provavelmente iria falar uma verdade. 

“Meu amigo Eduardo Bolsonaro, obrigado! Diga ‘oi’ ao seu pai. Sua família é ótima” – Donald Trump, enviando recado durante discurso em conferência conservadora nos EUA. Suspeito que esse “oi” tenha servido para muito mais gente. 

“Quando Bolsonaro solicitou meu monitoramento?” – perguntou Alexandre de Moraes, ministro do STF, durante depoimento de Mauro Cid em processo em que é juiz e suposta vítima. Segundo testemunhas fictícias, ele ainda reforçou, “Responda ao juiz!”, no papel de promotor. Em seguida, colocou um bigode postiço e entrou no papel de vítima. 

“Faz-se imperativo que seja imposta a Jair Bolsonaro a utilização de tornozeleira eletrônica como medida cautelar adequada e proporcional aos fatos noticiados” – Paulo Pimenta, ex-ministro das Comunicações. Se a tornozeleira fosse proporcional ao histórico de cada um, era capaz do Montanha acabar usando uma coleira eletrônica. 

“Ex-presidente que sempre defendeu tortura agora busca se socorrer de direitos humanos para tentar saída jurídica” – Hélio Schwartsman, jornalista. Antes, ele queria o Bolsonaro no caixão; agora se contenta com a masmorra. Quem sabe um dia ele desejará apenas justiça. 

“Irã poderia produzir uma arma nuclear em duas semanas se confrontado com um perigo existencial” – Mohammad Shamas, comentarista da TV Hezbollah. A boa notícia é que, com essa eficiência toda, eles não devem estar contando com financiamento do BNDES. 

“No meu país, se você diz qualquer coisa, eles te colocam na prisão” – Nigel Farage, político britânico, durante discurso em evento conservador nos EUA. Curioso, pelo sotaque, eu nem desconfiava que ele fosse brasileiro. 

“Você pode ver com seus olhos. Pode sentir o cheiro da fumaça que estava aqui, sentir a toxicidade do ambiente” – Kamala Harris, ex-vice-presidente americana, após visitar região da Califórnia afetada por incêndios este ano. Imagina a emoção dela ao descobrir que apagaram o fogo usando água molhada. 

“Queria pedir, pelo amor de Deus, que os EUA invadam o Brasil para recuperar a nossa democracia” – Marcos do Val, senador (Pode-ES). Precisamos de uma intervenção urgente: uma intervenção psiquiátrica no Senado. 

“O respeito à soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil” – Embaixada dos EUA no Brasil, em nota após lei que prevê punições a autoridades estrangeiras que promovem a censura ser aprovada por comissão do Congresso americano. Mal sabem os gringos que, no Brasil, mão dupla geralmente serve para estacionar na porta de escola ou dirigir na contramão. 

“Brasil ensina liberdade de expressão aos EUA” – Reinaldo Azevedo, jornalista. E olha que temos graduação na Rússia, doutorado no Irã e PhD na China. 

“É uma bobagem” – Lula, sobre corte de gastos. Bobagem mesmo, quem precisa economizar é quem trabalha. 

“A Janja agora é a bola da vez” – Lula, insinuando que críticas contra a primeira-dama visam atingi-lo. A oposição só precisa tomar cuidado para não sacrificar a galinha dos ovos de ouro. 

“Trump não foi eleito para ser xerife do mundo” – Lula. E ninguém foi eleito para ser porta-voz de terrorista, mas a natureza segue seu curso. 

“Nem todo mundo quer ter carteira assinada hoje em dia” – Lula, sobre o mercado de trabalho. É verdade, tem quem viva de cartão corporativo, tem quem roube celular para uma cervejinha. Viva a diversidade. 

“Os ministérios do meu governo não sabem o que nós estamos fazendo. O povo muito menos” – Lula, criticando a falta de comunicação em seu gabinete. É esse ar de mistério que ainda mantém sua popularidade um pouquinho acima do fundo do poço. 

“Faz [sic] o que você gosta, não ligue para a oposição” – Lula, encorajando Janja a se posicionar politicamente. Desde que seja dentro da lei, o que, para esse casal, parece ser um grande desafio. 

“Erros acontecem” – Portela, escola de samba carioca, sobre vídeo em que Janja divulgou spoilers do desfile da escola para o Carnaval desse ano. É, o Lula que o diga… 

“Eu não vou pôr minha tornozeleira porque não sou pombo-correio” – Lula. Seu estilo estava mais para sabiá, que continua cantando mesmo preso na gaiola. 

“Lula requenta programas sociais na TV para reaver o voto-gratidão” – Josias de Souza, jornalista. Esse tal de “voto-gratidão” é apenas o bom e velho “voto de cabresto” traduzido para o democratês.

Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira“.