22 de fevereiro de 2025 - 17:24

Escolas públicas são reprovadas e escolas católicas brilham em exame nacional nos EUA

O Centro Nacional de Estatísticas Educacionais norte-americano costuma aplicar exames a grupos aleatórios de estudantes em todos os 50 estados, e o resultado é o chamado “Nation’s Report Card”. A divulgação dos resultados mais recentes, com provas de Matemática e Leitura aplicadas a alunos do 4.º e do 8.º anos (estudantes de 9-10 anos e 13-14 anos respectivamente), chamados oficialmente de Avaliação Nacional de Progresso Educacional, mostram que as escolas públicas dos EUA tiraram um D- (o que no Brasil seria algo entre 2 e 3 na escala de zero a 10). Felizmente, os resultados também mostram quais narrativas rejeitar na procura por uma explicação.

Os resultados de 2024 correspondem à segunda bateria de exames aplicados depois da pandemia. Infelizmente, as notas foram ainda piores que as de 2022. Enquanto os estudantes de melhor desempenho nas escolas públicas mostraram sinais leves de recuperação, os estudantes mais fracos continuam piorando. Os US$ 190 bilhões que o Congresso destinou para a recuperação educacional pós-pandemia ainda não mostraram a que vieram, mas há ilhas de excelência em meio aos dados: as escolas católicas mostraram uma vantagem acadêmica robusta, e que está crescendo.

Nos exames de 2013, os alunos de escolas católicas já estavam adiantados, de meio ano até um ano e meio, em relação a seus colegas de escolas públicas. Nos exames de 2024, essa diferença subiu ainda mais: estudantes de Matemática do 4.º ano estavam um ano à frente; em Leitura, esses mesmos estudantes estavam um ano e meio à frente. Nos exames das duas disciplinas, os alunos do 8.º ano mostraram estar quase dois anos mais adiantados que os de escola pública.

O sistema de educação pública funciona para sugar ainda mais dinheiro do contribuinte norte-americano e gerar empregos entre os adultos, mas não para educar satisfatoriamente os alunos

A vantagem acadêmica das escolas católicas só cresceu com o tempo, em todas as quatro categorias. O fato de a diferença ser maior no 8.º ano que no 4.º ano confirma as pesquisas sobre as vantagens cumulativas dos vouchers escolares – vouchers que os pais podem usar para mandar os filhos às escolas de sua preferência, em vez da escola pública à qual eles são designados de acordo com o lugar onde moram. As escolas que as famílias escolheram têm uma vantagem inerente: elas têm uma cultura forte e uma visão compartilhada sobre o que é uma educação de qualidade.

O uso de smartphones e mídias sociais já foi mencionado como uma possível explicação para a queda no desempenho escolar, que começou antes da pandemia. Por mais que seja impossível ignorar o impacto nocivo dessas tecnologias, é importante lembrar que os estudantes de escolas católicas também usam smartphones e acessam as mídias sociais.

Um exemplo do poder da capacidade de escolher a escola é o estado da Lousiana, que tem ampliado as possibilidades de escolha para os pais e melhorado os currículos das escolas públicas. Seus resultados na Avaliação Nacional de Progresso Educacional melhoraram entre 2022 e 2024. Os estudantes mais pobres do estado, cujas notas eram estatisticamente bem piores que as da média nacional em 2019, alcançaram seus colegas do resto do país em 2022 e, agora, passaram à frente com uma vantagem estatisticamente significativa. Os alunos do “Estado Pelicano” muito provavelmente conseguiram melhorar tanto assim graças a um esforço duplo: ampliar as opções de escolha para os pais e melhorar o ensino público.

Talvez, então, o problema não esteja em nossos telefones, mas em nós mesmos. Os Estados Unidos passaram as últimas cinco décadas tentando acelerar em direção a uma educação melhor, e a enorme falha do fundo de Socorro Emergencial a Escolas Primárias e Secundárias na Covid-19 não é nada mais que o mais recente ponto em uma longa linha.

O famoso teórico e professor britânico Stafford Beer cunhou o termo “posivid” um acrônimo para “the purpose of a system is what it does” (“o propósito de um sistema é aquilo que ele faz”). Beer afirmou que o objetivo declarado de um sistema às vezes bate de frente com as intenções daqueles que o projetam, operam e promovem. “Não faz sentido algum dizer que o propósito de um sistema é fazer aquilo em que ele constantemente fracassa”, dizia Beer.

Aplicado ao sistema americano K-12 (os 12 anos de ensino fundamental e médio nos EUA), o “posiwid” nos leva à conclusão de que o sistema de educação pública funciona para sugar ainda mais dinheiro do contribuinte norte-americano e gerar empregos entre os adultos, mas não para educar satisfatoriamente os alunos. Tanto o gasto quanto o emprego estão nos mais altos níveis da história, em parte graças ao “socorro” federal em meio à pandemia, mas as deficiências educacionais continuam sem solução. Longe de ser algo acidental, essa implosão na produtividade e nos resultados dos gastos com o K-12 só beneficia os interesses financeiros e políticos dos sindicatos de funcionários da educação e seus aliados.

O sistema de ensino público falha, ano após ano, em proporcionar aos alunos o conhecimento básico para crescer e exercer uma cidadania responsável. A Avaliação Nacional de Progresso Educacional tem registrado essa situação deprimente por décadas, e os resultados de 2024 não passam de mais do mesmo. As razões desta falha estão profundamente arraigadas e são extremamente difíceis de mudar. E você deveria planejar a educação de seus filhos e netos levando tudo isso em conta.

Matthew Ladner é conselheiro sênior para implementação de políticas educacionais no Centro para Políticas Educacionais da Heritage Foundation.

noticia por : Gazeta do Povo

Ouvir Band FM

--:--
--:--
  • cover
    Band FM 99.3

LEIA MAIS