12 de fevereiro de 2025 - 6:01

O Vaca foi pro brejo e arrastou junto mais uma esperança da direita

Algo me diz que Pedro Vaca, relator da OEA que está no Brasil para ver a quantas anda a liberdade de expressão cá por estas verdejantes plagas, queria mesmo era ganhar uma gravata do STF. Ou meio quilo de café. Aliás, depois da STF Fashion nossa corte suprema bem que podia lançar a STF Market para vender café, laranja, picanha e azeite com a logo do tribunal.

(Mas não papel higiênico. Nunca papel higiênico. Essa ideia nem passou pela minha cabeça. Imagina! E, antes de continuar, me ocorre agora perguntar se o Vaca visitou os irmãos Batista em algum abatedouro da JBS. Claro que não, né? Olha só as coisas que eu penso!….

“Ai, ai, ai, Alexandre”

O fato é que a visita de Vaca, o Vaca, foi o proverbial, clichezento e útil balde d´água fria a apagar o fogo de uma direita que insiste, não adianta, insiste em depositar suas esperanças em fogos-fátuos (que palavra bela!), como essa visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA que, para os mais entusiasmados, escancararia (palavra horrível) para o mundo a ditadura brasileira. E não digo isso apontando o dedo, não.

No fim de semana, também eu imaginei o representante da OEA (isto é, antes de ver a cara de PSOLista dele) revoltado com as prisões políticas e passando um pito daqueles em Alexandre de Moraes & Cia. “Ai, ai, ai, Alexandre. Assim seremos obrigados a te chamar de ditador. Você não vai poder visitar a Disney”, imaginei a autoridade interamericana dizendo. E mais uma vez: as coisas que eu penso!…

Esquerda antidemocrática

E, se penso isso, é porque também quero ver a Justiça sendo feita. Quero ver Barroso sendo obrigado a engolir a empáfia. Ah, como quero! Quero testemunhar a soltura dos presos do 8/1 – e o decorrente pranto da esquerda antidemocrática – termo que escrevi antevendo que alguém vá me corrigir dizendo que não existe esquerda democrática. Pela terceira vez neste texto: as coisas que eu penso!…

E, por querer, querer muito, também acabo me apegando a umas esperanças que posteriormente reconheço serem tolas, quando não infantis, como a eleição do “Congresso mais conservador da história”, os 6Gb de Glenn Greenwald e a impressão de que Alexandre de Moraes estava liberando perfis censurados nas redes sociais por medo da visita do sujeito da OEA.

Catarse de otimismo

Nessas horas, quando vejo a multidão se alvoroçar numa catarse de otimismo, meu impulso é o de me solidarizar e dizer, nay!, gritar para ninguém: agora vai! Agora o Alexandre cai e o Lula cai e o tal do Sistema implode. Para, no instante seguinte, me decepcionar e. Desculpe. Perdi o fio da meada. É que vi uma notícia sobre uma CPI, gritei um “agora vai!” e Catota saiu correndo assustada, derrubando tudo. Essas coisas que aconteciam nas crônicas de antigamente, sempre de antigamente, e não acontecem mais. (Ou, se acontecem, ninguém quer saber).

Quando, no fundo, e não precisa ser tão fundo assim, sabemos todos que as instituições foram aparelhadas de tal modo que, nas raras horas de sobriedade política, me custa acreditar que um dia voltem a ser instituições verdadeiramente a serviço da defesa da dignidade humana. Mas seguimos na luta. Quem sabe um dia! Não hoje nem amanhã. Mas………………………………… um dia. Ah, as coisas que eu penso.

noticia por : Gazeta do Povo

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