Os músicos Luciano Pinto e Alan Moraes, coautores de “Caranguejo”, saíram em defesa da cantora Claudia Leitte na polêmica que envolve a alteração feita por ela na letra da canção. Em carta encaminhada à coluna, eles rebatem a afirmação de outros dois compositores da faixa de que eles não foram consultados pela artista sobre a mudança do trecho “saudando a rainha Iemanjá” para “eu canto meu rei Yeshua”.

“Caranguejo” tem quatro autores: Luciano, Alan, Durval Luz e Nino Balla.

No final do ano passado, o Ministério Público da Bahia instaurou um inquérito civil para investigar se a artista cometeu racismo religioso pela alteração da letra.

“Houve, sim, uma conversa. A artista Claudia Leitte fez uma consulta verbal com todos os compositores e possíveis reclamantes. Ela perguntou, sim, o que achávamos, se podia alterar uma palavra na letra, mudando Iemanjá por Yeshua, e explicou o significado da palavra Yeshua”, afirmam no texto.

“Houve ali uma concordância de todos. Ela sempre foi e continua sendo amável, cuidadosa e respeitosa com todos do grupo, músicos, equipe e compositores também”, dizem ainda. Os dois trabalham atualmente com Claudia.

Em entrevista ao portal Leo Dias, Durval Luz, também autor da faixa, disse que iria processar a cantora por intolerância religiosa e por supostamente ela não ter comunicado ou pedido a autorização da banda e dos compositores para a remoção da referência a Iemanjá, entidade das religiões de matriz africana. Ele acrescentou que Nino Balla ingressaria no processo com ele.

À coluna Luciano Pinto diz ter se surpreendido com o posicionamento dos colegas. Ele afirma também que não se lembra precisamente da data em que ocorreu a conversa sobre o assunto com a artista. “Mas foi por volta de 2012, às vésperas de regravarmos a música, já com a alteração, para o DVD Axemusic”, diz.

Anteriormente, em 2004, Claudia tinha gravado “Caranguejo” em sua versão original, quando ainda fazia parte do grupo Babado Novo.

A artista se tornou evangélica há 12 anos. Rei Yeshua é um termo que significa Jesus em hebraico.

“Claudia não chegou alterando sem explicar, sem perguntar e sem ter a certeza do ok de todos. Não houve nenhuma ação hostil, ameaçadora ou condicional imposta por ela e, como a relação era de amizade, parceria, não achamos que precisava de um documento assinado ou vídeo gravado sobre esse assunto”, dizem Luciano e Alan na carta.

“Todos os compositores da música faziam parte da banda e, com isso, não só aceitaram a mudança como tocávamos a música em shows, em gravações e programas de TV”, prosseguem no texto.

“A troca dos nomes não alterou a estrutura da música, não mudou a forma, ritmo, harmonia e nem melodia. Essa mudança não prejudicou em nada a arrecadação de direitos autorais de vendagens de CD ou DVD e nem da execução publica recolhida pelo Ecad [instituição privada que recolhe e distribui os direitos autorais aos artistas]”, acrescentam.

Dizem ainda que, na ocasião, nada foi falado sobre intolerância religiosa. A coluna tentou contato com Durval e Nino, mas não obteve sucesso.

Após a polêmica, Claudia Leitte afirmou que “racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma tão superficial.”

“Eu prezo muito pelo respeito, pela solidariedade, pela integridade. A gente não pode negociar esses valores de jeito nenhum, nem colocar isso dessa maneira, jogado ao tribunal da internet. É isso.”

PÉROLA NEGRA

Alessandra Dorgan recebeu convidados, na quarta-feira (15), na pré-estreia de “Luiz Melodia: No Coração do Brasil”, dirigido por ela. O documentário sobre a vida do artista conta com a direção musical da jornalista Patrícia Palumbo. As atrizes Mariana Ximenes e Erika Puga marcaram presença no evento, realizado no CineSesc, em São Paulo. Os cineastas Fernanda Pessoa e Joel Pizzini e o diretor Daniel Rezende também compareceram. Produtora do filme, Deborah Osborn passou por lá.

_{com IVAN FINOTTI (Interino), KARINA MATIAS, LAURA INTRIERI e MANOELLA SMITH}

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