11 de janeiro de 2025 - 6:07

O sonho da casa de veraneio vale o custo?

Você já fez as contas reais de ter um imóvel de veraneio? No imaginário de muitos, é o sonho perfeito: uma casa para reunir a família, curtir finais de semana e aproveitar as férias sem preocupações. Mas, na prática, o que deveria ser descanso frequentemente se transforma em uma lista interminável de tarefas e custos. Assim, a casa dos sonhos pode custar um pesadelo para comprar e manter.

Primeiro, vamos falar dos custos escondidos. Muitos consideram que o gasto de um imóvel se resume à compra. Mas isso seria o mesmo que dizer que o custo de um carro é apenas o preço de adquiri-lo. Assim como no automóvel, há manutenção, seguro, impostos, combustível, e o inevitável gasto com consertos.

No caso do imóvel, há IPTU, taxas de condomínio, segurança, manutenção contínua e reformas ocasionais. O telhado que precisa ser consertado, o encanamento que dá problemas, e aquela pintura que já não resiste ao sal da maresia – tudo isso transforma lazer em obrigação. Em vez de relaxar, você passa os fins de semana supervisionando reparos.

Agora, pense no custo do dinheiro. Imóveis são bens de baixa liquidez. O valor investido em uma casa de praia poderia estar aplicado em renda fixa, gerando rendimentos que pagariam o aluguel de propriedades similares, em diferentes locais, sempre que você desejasse.

Imagine investir o valor de um imóvel em títulos referenciados ao CDI, atualmente em alta, ou em uma carteira diversificada de renda fixa que combine prazos, indexadores e emissores distintos. Você não apenas preservaria o capital, mas teria liberdade para escolher seu destino conforme sua vontade – praia, serra ou até mesmo uma viagem internacional.

Recebi recentemente uma mensagem do leitor Gabriel, que compartilhou uma dúvida interessante. Ele vendeu um imóvel na praia e agora quer continuar juntando a família no fim de ano sem perder o vínculo. Sua ideia é investir o valor em títulos do Tesouro IPCA com juros semestrais, utilizando os rendimentos para financiar as férias. Essa é uma excelente alternativa.

Além disso, ele poderia diversificar parte desse capital em títulos privados isentos de imposto de renda e pós-fixados, que hoje oferecem ótimas oportunidades. Uma carteira de renda fixa bem montada não apenas garantiria os encontros familiares, mas também protegeria o patrimônio de oscilações e do impacto da inflação.

Se você utilizar apenas os juros reais para o aluguel vai ter um patrimônio que sempre sobe com a inflação e que pode ser mais interessante que o imóvel de veraneio.

Outro ponto que poucos consideram é a monotonia. Ter um imóvel fixo pode ser encantador no início, mas com o tempo, a obrigação de ir sempre ao mesmo lugar pode cansar. Alugar, por outro lado, traz flexibilidade. Você pode explorar destinos diferentes, experimentar novas experiências e adaptar as viagens às preferências de cada momento. O lazer se torna uma escolha, não uma obrigação.

Alugando em locais diferentes você ainda pode evitar problemas que eventualmente surjam. Por exemplo, você deve ter acompanhado o surto de virose no litoral paulista neste verão, mais especificamente no Guarujá. Se você tivesse uma casa de praia lá, talvez você não quisesse expor sua família ao risco. Além de não usar, você também perderia a melhor época do ano para alugar para um terceiro por causa do evento sanitário. Logo, o custo da casa fica mais elevado.

Muitas vezes, apenas o valor mensal de manutenção de um imóvel de veraneio já seria suficiente para cobrir pelo menos duas diárias mensais em uma casa de qualidade equivalente. Ou seja, você mantém o benefício e a conveniência sem carregar o peso de ser proprietário. O importante é sempre fazer a conta de equivalência entre o imóvel que se pretende comprar e o alugado.

No final das contas, o sonho da casa de veraneio não precisa ser abandonado – apenas repensado. Ter liberdade para aproveitar diferentes locais, sem os custos e responsabilidades que a propriedade traz, pode ser o verdadeiro caminho para o descanso. E quem sabe, assim, o sonho não se transforma em pesadelo.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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noticia por : UOL

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