De acordo com uma análise divulgada pela Lifeway Research, pastores de pequenas igrejas nos Estados Unidos estão sendo incentivados a investir em suas vantagens específicas para evitar o fechamento de suas congregações.
A entidade, que realiza estudos voltados à liderança cristã e à dinâmica das igrejas, observou que a tendência atual no país é que “as grandes igrejas estão ficando maiores e as pequenas cada vez menores”. O mesmo cenário é observado no Brasil, como no exemplo da Lagoinha, que se expandiu e possui megatemplos.
Apesar de enfrentarem restrições orçamentárias e escassez de pessoal, as pequenas congregações demonstram pontos positivos. Segundo Aaron Earls, redator sênior da Lifeway, esses espaços apresentam maior engajamento semanal, taxas superiores de voluntariado entre os membros e maiores doações per capita, tanto para manutenção da igreja quanto para missões e caridade.
Entretanto, essas comunidades também lidam com desafios consideráveis, como uma base de membros mais envelhecida e incertezas quanto à sustentabilidade financeira. “Para evitar se juntar ao número crescente de fechamentos de igrejas, os pastores de pequenas igrejas precisarão encontrar maneiras de alavancar seus pontos fortes e superar seus desafios”, destacou Earls.
Um estudo de 2020 da organização Faith Communities Today revelou que 70% das congregações norte-americanas reúnem cem pessoas ou menos nos cultos semanais. A média nacional de frequência semanal é de 65 pessoas por congregação, de acordo com informações do The Christian Post.
Já a Pesquisa Nacional de Líderes Religiosos (NSRL) de 2025, baseada no Estudo Nacional de Congregações (2018–2019) e na pesquisa Pulpit & Pew (2001), apontou que o tamanho da congregação é uma das variáveis mais importantes no cotidiano de trabalho dos líderes religiosos. De acordo com o relatório, “os 9% maiores das congregações contêm cerca de metade de todos os frequentadores da igreja”.
O NCS identificou que a congregação média conta com 70 membros regulares, entre adultos e crianças, e opera com um orçamento anual de aproximadamente US$ 100 mil. No entanto, o frequentador médio de igreja participa de uma congregação com cerca de 360 membros e um orçamento anual de US$ 450 mil.
A NSRL interpretou esse contraste como um “paradoxo” explicado pelo impacto das grandes congregações: embora sejam numericamente minoria, elas concentram a maioria dos fiéis, dos recursos financeiros e da força de trabalho ministerial. “O clérigo mediano lidera uma congregação com apenas cerca de 50 adultos participantes regularmente, enquanto, ao mesmo tempo, o clérigo que serve o participante mediano lidera uma congregação com cerca de 245 adultos participantes regularmente”, afirma o relatório.
As paróquias católicas representam um caso à parte. Segundo a NSRL, elas costumam ser significativamente maiores do que outras tradições religiosas. Um pároco mediano nos EUA serve uma comunidade de aproximadamente 400 adultos que frequentam regularmente os cultos.
A pesquisa concluiu que, apesar da visibilidade das chamadas megacongregações, a realidade ministerial é dominada por pequenas igrejas: “A maioria [dos líderes religiosos] lidera pequenas congregações”, afirma o documento.
Dados adicionais divulgados em março pela Lifeway Research reforçam a estabilidade da tendência atual. O relatório apontou que cerca de 50% das congregações protestantes aumentaram sua frequência em pelo menos 4% nos últimos dois anos. Por outro lado, 48% permaneceram estáveis ou registraram quedas superiores a 4% no mesmo período.
O crescimento é mais evidente entre igrejas com maior número de membros. De acordo com a pesquisa, 62% das congregações com mais de 250 membros relataram aumento de frequência, contra 59% entre aquelas com 100 a 250 membros. Entre as igrejas com 50 a 99 participantes, esse índice caiu para 45%, e nas com menos de 50, apenas 23% registraram crescimento.
Segundo Aaron Earls, os dados sugerem que a realidade das pequenas igrejas não mudará tão cedo. A estratégia, segundo ele, é reconhecer suas forças — como o senso de comunidade, o voluntariado ativo e o compromisso com causas sociais — e desenvolver formas de sustentação baseadas nesses pilares.
FONTE : Gospel Mais