7 de junho de 2025 - 16:25

Parlamentar do PSOL, de esquerda, tenta barrar lei que autoriza a Bíblia nas escolas

Em 29 de maio de 2025, a Câmara Municipal de Belo Horizonte publicou no Diário Oficial do Município a Lei nº 11.862/2025, que autoriza o uso da Bíblia como material paradidático nas escolas públicas da capital mineira.

No dia seguinte, porém, a vereadora Cida Falabella (PSOL) ingressou com ação judicial questionando a constitucionalidade da norma.

Argumentos:

Falabella sustenta que a lei viola o princípio constitucional do Estado laico ao privilegiar institucionalmente uma religião específica. Em nota, a parlamentar declarou:

“Não se trata de cultura, e sim de imposição religiosa em um espaço público que deve garantir liberdade e diversidade”. Ela alerta que o uso sem mediação crítica pode transformar as salas de aula em “ambiente de evangelização disfarçada”.

A ação destaca preocupações com a aplicação prática, mencionando que passagens bíblicas exigiriam análise contextual histórica complexa, especialmente para estudantes em fase de formação, algo que diverge da visão teológica tradicional, onde o ensino a respeito dos relatos bíblicos refletem apenas algo histórico e antropológico.

Contexto histórico-literário:

A Bíblia é reconhecida por historiadores como:

a) Um dos documentos fundadores da cultura judaico-cristã;

b) Fonte primária para estudos do Oriente Médio Antigo (séc. XII a.C. – I d.C.);

c) Influência decisiva na formação ética, artística e jurídica do Ocidente, citada em pesquisas acadêmicas como as da Society of Biblical Literature;

d) Composta por gêneros literários variados (leis, crônicas, poesia, epistolografia), com manuscritos mais antigos datados do século III a.C. (como os Rolos do Mar Morto).

A vereadora argumenta que a apresentação do texto como “neutro” poderia:

a) Reforçar visões intolerantes;

b) Causar constrangimento a alunos de outras religiões ou sem filiação religária.

Tramitação Legislativa:

Durante a discussão do projeto, emendas que propunham restrições foram rejeitadas, incluindo:

Contexto nacional:

A iniciativa integra um conjunto de projetos legislativos em tramitação no país que buscam ampliar a presença de símbolos religiosos em espaços públicos. O caso expõe tensões entre:

  1. Propostas conservadoras no Legislativo;

  2. Limites do Artigo 19 da Constituição Federal (vedação de alianças com cultos religiosos).

Enquanto apoiadores defendem o resgate de “princípios morais tradicionais”, críticos alertam para riscos de:

O caso aguarda análise do Poder Judiciário.

Fontes:

  • Society of Biblical Literature (2023). The Bible as Cultural Heritage.

  • British Museum (2024). Ancient Near Eastern Context of Biblical Texts.

  • National Geographic (2022). Archaeology and the Bible: Assessing Historical Claims.

FONTE : Gospel Mais

Ouvir Band FM

LEIA MAIS