8 de junho de 2025 - 15:17

Irã: esposa de pastor é liberta da prisão, após ter sido detida para tortura psicológica

Lida Alexani, esposa do pastor Joseph Shahbazian, foi libertada da Prisão de Evin, em Teerã, na terça-feira (16/05), após pagamento de fiança equivalente a US$ 50 mil. Ela havia sido detida em 16 de abril, em sua residência, sem acusação formal — prática que viola o Artigo 9 da Constituição do Irã, segundo a organização de direitos humanos Article 18.

A prisão ocorreu enquanto seu marido, Joseph Shahbazian, cumpre pena há mais de três meses sob a acusação de “discipulado de cristãos ex-muçulmanos”, crime previsto no Código Penal do Irã. A Article 18 afirma que a detenção de Lida foi uma “tática de coerção” para extrair informações sobre as atividades do pastor, líder de uma igreja doméstica na capital.

Durante o período no cárcere, Lida ficou em confinamento solitário por 12 dias e foi interrogada repetidamente sobre “laços com grupos cristãos ilegais”, segundo relatos enviados a familiares. Ela se recusou a fornecer dados que incriminassem o marido ou outros fiéis.

“As autoridades queriam que ela admitisse atividades de evangelização, mas ela manteve silêncio”, declarou um membro anônimo da comunidade à Article 18.

A fiança, considerada exorbitante para padrões locais, soma-se à de Joseph, fixada em US$ 200 mil — valor que a família ainda não conseguiu pagar. Ambos enfrentam riscos de novas prisões, e o casal permanece sob vigilância estatal, conforme relatos de apoiadores.

Perseguição religiosa no Irã

O Irã, governado por uma teocracia xiita desde 1979, classifica a apostasia (abandono do Islã) como crime capital. A Constituição reconhece apenas três minorias religiosas — zoroastrianos, judeus e cristãos armênios e assírios —, excluindo convertidos do Islã, mesmo que tenham nascido em famílias cristãs.

Segundo a Open Doors, entidade que monitora perseguição religiosa, o Irã ocupa o 8º lugar na lista de países onde cristãos são mais perseguidos (2024). A conversão ao cristianismo pode levar a prisão, tortura e execução.

Em 2023, a Human Rights Watch documentou 134 cristãos detidos arbitrariamente, a maioria em igrejas domésticas.

Pastores como Joseph Shahbazian são alvos frequentes. O Artigo 499 do Código Penal prevê até cinco anos de prisão para “formação de grupos que perturbem a segurança nacional”, interpretação usada para criminalizar cultos não autorizados. Em fevereiro, o pastor Yousef Nadarkhani, preso em 2016 por apostasia, teve sua sentença de seis anos renovada.

A Prisão de Evin, onde Lida foi mantida, é notória por abrigar presos políticos e religiosos. Em março, a ONU denunciou o aumento de execuções no país — 834 em 2023, maior número desde 2015 —, incluindo casos ligados a “crimes de consciência”.

Situação Atual

A família Shahbazian aguarda julgamento de Joseph, marcado para junho. Enquanto isso, organizações internacionais pressionam por intervenção diplomática.

“Usar familiares como moeda de pressão é uma violação clara do direito à liberdade religiosa”, afirmou Mansour Borji, diretor da Article 18, em comunicado.

A igreja liderada pelo casal segue fechada, e fiéis evitam encontros presenciais. Em 2024, ao menos 27 cristãos foram presos no Irã, segundo dados compilados pela Middle East Concern.

FONTE : Gospel Mais

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