A deputada estadual Dra. Silvana (PL) criticou duramente o Governo do Ceará durante sessão na Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (7), acusando-o de promover intolerância religiosa contra o cristianismo.
O motivo foi o lançamento do “Calendário Afro Afirmativo 2025”, documento do Executivo estadual que relaciona o cristianismo a estruturas históricas de racismo no Brasil.
No Plenário 13 de Maio, Dra. Silvana afirmou que o material, distribuído a servidores públicos, “discrimina a fé cristã” ao associar conceitos religiosos a práticas racistas.
“Desafio qualquer um a mostrar onde Jesus Cristo segregou alguém por cor. O Governo acusa, sem base histórica, o cristianismo de sustentar o racismo. Isso é um crime”, declarou, visivelmente emocionada. A parlamentar já havia levantado o tema na terça-feira (6), quando foi confrontada pelos deputados Acrísio Sena (PT) e Salmito Filho (PSB).
Debate acalorado
Salmito Filho (PSB) rebateu as críticas, reconhecendo que “Cristo não pregou o racismo”, mas lembrou que “a história registra crimes cometidos em nome da fé”.
Entre os exemplos citados por ele estiveram as Cruzadas medievais, a Inquisição, a perseguição a povos indígenas e a escravidão de negros. “Até o Papa João Paulo II pediu perdão, em 2000, pelos erros da Igreja”, acrescentou.
O deputado Fernando Hugo (PSD) apoiou Dra. Silvana, questionando a “utilidade prática” do calendário para a gestão estadual.
“Precisamos discutir políticas públicas, não reviver disputas do passado para dividir a sociedade”, argumentou. A deputada, porém, manteve a posição: “Não aceito que a fé cristã seja criminalizada. Isso é uma afronta a milhões de cearenses”.
Calendário e contexto
O Calendário Afro Afirmativo 2025, elaborado pela Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial do Ceará, inclui textos que analisam a influência de dogmas cristãos na formação de estereótipos raciais, segundo fontes do governo. O material faz parte de uma série de iniciativas estaduais para promover reflexões sobre equidade racial.
A discussão ocorre em meio a debates nacionais sobre a relação entre religião, colonialismo e racismo estrutural. Em 2023, o Ceará registrou 27 denúncias de intolerância religiana, segundo a Secretaria de Proteção Social, a maioria envolvendo religiões de matriz africana.
Dra. Silvana, entretanto, defende que “o combate ao racismo não pode se dar pela estigmatização de outras crenças”.
O Governo do Ceará não se pronunciou oficialmente sobre as acusações até o fechamento desta reportagem. A polêmica deve seguir em pauta nas próximas sessões legislativas.
FONTE : Gospel Mais