Robert Morris, fundador da Gateway Church em Southlake, Texas, exigiu o pagamento antecipado de US$ 1 milhão e benefícios anuais de aposentadoria logo após sua renúncia em junho de 2023, conforme documentos apresentados pela igreja ao Tribunal Distrital do Condado de Tarrant na terça-feira, 14 de maio.
A saída de Morris ocorreu após denúncias públicas de abuso sexual infantil. A igreja recusou as exigências financeiras do ex-pastor e busca agora obrigá-lo a cumprir um acordo de resolução de disputas anteriormente firmado.
“Logo após as revelações preocupantes sobre sua conduta passada virem à tona no ano passado, Robert Morris entrou em contato com a Gateway Church com uma série de exigências financeiras substanciais”, afirma o documento protocolado pela igreja.
“A Gateway Church optou por não atender a essas exigências. Em resposta, Robert Morris entrou com uma ação judicial em arbitragem buscando indenização financeira. Suas alegações são falsas e não refletem a responsabilização pelo impacto de suas ações na comunidade”.
Segundo os advogados de Morris, a igreja havia prometido verbalmente o pagamento anual de US$ 800 mil até que ele completasse 70 anos. Após essa idade, o valor cairia para US$ 600 mil por ano, pagos até sua morte. Caso ele falecesse antes de sua esposa, Debbie Morris, os pagamentos continuariam a ela até seu falecimento.
Além disso, Morris afirma ter direito a mais de US$ 1 milhão em benefícios acumulados, que, segundo ele, deveriam ter sido pagos em até 60 dias após sua saída, desde que a demissão não envolvesse fraude ou justa causa.
Morris argumenta que foi forçado a renunciar ao cargo de pastor sênior depois que vieram à tona as acusações de abuso sexual infantil, alegando que os anciãos da igreja o pressionaram, dizendo que ele seria demitido caso não deixasse o posto voluntariamente.
O ex-pastor foi indiciado por cinco acusações de atos obscenos ou indecentes com uma criança por um grande júri multicondado em Oklahoma. As acusações foram apresentadas por Cindy Clemishire, que relatou que Morris começou a abusá-la em 25 de dezembro de 1982, quando ela tinha 12 anos, com o abuso continuando por mais de quatro anos.
Além das acusações criminais, Morris também está envolvido em um processo civil movido por quatro membros da Gateway Church — Katherine Leach, Garry K. Leach, Mark Browder e Terri Browder. A ação, aberta em 30 de outubro de 2024, acusa os líderes da igreja de má gestão dos dízimos e violação de uma promessa de devolução de contribuições.
Entre os réus, além de Morris e da própria Gateway Church, estão também Tom Lane, ex-pastor executivo; Steve Dulin, presbítero fundador; e Kevin Grove, ex-pastor executivo global e membro do conselho da King’s University.
A igreja argumentou que a ação não deve prosseguir por tratar de assuntos internos religiosos, citando a doutrina da abstenção eclesiástica, que impede o judiciário de interferir em questões doutrinárias ou administrativas de entidades religiosas. Também afirmou que os autores não apresentaram fundamentos legais suficientes para sustentar a ação.
Em 27 de março, o juiz distrital federal Amos L. Mazzant, da Divisão Sherman do Distrito Leste do Texas, atendeu a um pedido emergencial da Gateway Church para suspender temporariamente a coleta de provas até a decisão sobre o arquivamento do processo. Em 10 de maio, Mazzant também aprovou uma ordem de proteção, solicitada por ambas as partes, para restringir a divulgação de informações consideradas confidenciais.
“Esta Ordem será aplicável e regerá todos os depoimentos, documentos produzidos em resposta a solicitações de produção de documentos, respostas a interrogatórios, respostas a solicitações de admissão e todas as outras descobertas feitas de acordo com as Regras Federais de Processo Civil”, escreveu o juiz. A ordem também se aplicará a “testemunhos apresentados no julgamento, questões em evidência e outras informações que a parte divulgadora designar como ‘Informações Confidenciais’ e/ou ‘Altamente Confidenciais – Somente para Consulta de Advogados’”.
O caso segue em andamento na justiça federal e poderá ter desdobramentos significativos tanto para a liderança da Gateway Church quanto para o próprio Robert Morris, segundo informações do portal The Christian Post.
FONTE : Gospel Mais