16 de maio de 2025 - 17:58

Apostas online: pastores citam a Bíblia para condenar defesa das “bets” em CPI

As plataformas de apostas online, popularmente chamadas de “bets”, tornaram-se alvo de debates no Brasil devido ao aumento de relatos de endividamento, especialmente entre famílias de baixa renda.

Dados da pesquisa PoderData, de outubro de 2024, indicam que 29% dos apostadores são evangélicos, sendo que 21% desse grupo declararam ter contraído dívidas por causa das apostas. Em agosto do mesmo ano, cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões nesses sites, segundo registros oficiais.

CPI das Bets

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, instalada em 2024, analisa o papel de influenciadores na promoção de jogos de azar, com foco em possíveis irregularidades em contratos publicitários.

A relatora, senadora Soraya Thronicke (União-MS), citou um estudo que aponta queda nas vendas de supermercados devido ao comprometimento da renda das famílias. A CPI também alerta que 35% dos jovens interessados em ensino superior não ingressam em faculdades por gastos excessivos com apostas, conforme dados do Banco Mundial.

Na terça-feira (13), a influenciadora Virgínia Fonseca, com mais de 50 milhões de seguidores, depôs na CPI. Questionada sobre os impactos negativos das apostas, respondeu: “Não me arrependo de nada do que já fiz na minha vida”.

Sua postura e vestimenta casual durante o testemunho geraram críticas. Teo Hayashi, pastor da Zion Church, afirmou no Instagram que “a aparência ‘comum’ foi estratégia para criar identificação com o público”.

Líderes religiosos 

Teo Hayashi criticou a lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023, que regulamentou as apostas. “Esses sites não deveriam existir. Enquanto as plataformas lucram, os jogadores empobrecem”, declarou.

O pastor citou 1 Timóteo 6:9: “Os que querem ficar ricos caem em tentação […] o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. Hayashi também exortou jovens a “desenvolver pensamento crítico e não serem massa de manobra”.

Kenner Terra, pastor da Igreja Batista de Água Branca, rebateu a justificativa de Virgínia sobre “justiça de Deus” para legitimar seu lucro. “Promover jogos de azar é alimentar a desgraça alheia. A verdadeira justiça divina protege os frágeis, não explora”, escreveu no Instagram, referindo-se ao Salmo 82.

Contexto nacional 

O Brasil é o país com maior volume de apostas online globais, segundo o Banco Mundial. A CPI investiga ainda se influenciadores lucram com as perdas dos usuários, prática considerada “eticamente questionável” por especialistas.

Enquanto isso, líderes religiosos pressionam por maior regulação, argumentando que a liberalização das bets aprofunda desigualdades.

O governo ainda não se pronunciou sobre revisões na legislação. Enquanto a CPI segue coletando depoimentos, o debate público destaca a tensão entre liberdade econômica, proteção social e ética religiosa.

FONTE : Gospel Mais

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