A escolha de Robert Francis Prevost como novo papa na tarde desta quinta-feira (8) surpreendeu não apenas pelo fato de ele ser o primeiro papa americano do Vaticano, mas também pela velocidade de sua ascensão na Igreja Católica.
Até dois anos atrás, Prevost era relativamente desconhecido fora dos círculos eclesiásticos mais especializados. Em 30 de setembro de 2023, porém, ele foi elevado a cardeal pelo papa Francisco durante um consistório, reunião formal do pontífice com o Colégio dos Cardeais da Igreja Católica.
O momento foi marcado por um discurso do então papa, que enfatizou a sinodalidade, expressão que remete a uma Igreja mais participativa com um estilo de vida em que todos os membros são convidados a dialogar. Francisco disse, na ocasião, que “o Colégio Cardinalício é chamado a assemelhar-se a uma orquestra sinfônica, que representa a dimensão da sinodalidade da Igreja”.
“Uma sinfonia vive da sábia composição dos timbres dos diversos instrumentos: cada um dá o seu contributo, ora sozinho, ora combinado com outro, ora com todo o conjunto. A diversidade é necessária, é indispensável. Mas cada som deve concorrer para o resultado comum”, afirmou ele em homilia.
Antes de ser nomeado cardeal, Prevost era prefeito do Dicastério para os Bispos, departamento da Igreja Católica que faz parte da Cúria Romana, o órgão administrativo da Igreja.
Em entrevista ao L’Osservatore Romano, o jornal do Vaticano, no mesmo ano de sua elevação ao cardinalato, Prevost reforçou a ideia de que “o bispo é um pastor, não um gerente”. O religioso vinha sendo reconhecido por sua sensibilidade pastoral e por um estilo de liderança que privilegia o serviço.
“Divisões e polêmicas na Igreja não ajudam em nada. Nós, bispos, especialmente, precisamos acelerar esse movimento em direção à unidade, em direção à comunhão na Igreja”, disse, destacando a capacidade de ouvir e de estar próximo dos membros da comunidade.
Essa visão foi essencial para sua atuação à frente do dicastério responsável por nomeações de bispos ao redor do mundo. O processo de escolha de bispos passou a incorporar escutas mais amplas das comunidades locais, com atenção às necessidades específicas de cada diocese.
O novo paradigma, defendido por Prevost, converge com a sinodalidade proposta pelo papa Francisco —a ideia de uma Igreja em escuta constante, que caminha em conjunto. A escolha do novo pontífice, portanto, representa a promessa de continuidade de um projeto pastoral de Igreja voltada para o serviço e o acolhimento, valores frequentemente reiterados no último papado.
noticia por : UOL