O senador Carlos Viana (Podemos-MG) manifestou interesse em intermediar um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e lideranças evangélicas, com ênfase em representantes da Igreja Batista.
A informação foi divulgada pela jornalista Roseann Kennedy em sua coluna no Estadão nesta quarta-feira (3/04). Segundo a publicação, Viana ofereceu-se pessoalmente a Lula para organizar o evento, visando reduzir a rejeição do presidente junto ao eleitorado evangélico, que atingiu 67% segundo pesquisa da Quaest divulgada em março.
O grupo evangélico representa 31,2% da população brasileira, conforme o Censo 2022 do IBGE, e foi decisivo na polarização das eleições de 2018 e 2022. Desde o início do terceiro mandato, Lula mantém taxa de reprovação acima de 60% nesse segmento, segundo o Datafolha, atribuída a discursos de aliados petistas sobre temas como aborto e diversidade religiosa.
Detalhes
De acordo com Kennedy, Viana afirmou ao Planalto que “o diálogo com os evangélicos é uma ponte que o governo ainda não atravessou”. Lula teria sinalizado abertura, mas exigiu “garantias de que não será hostilizado durante o evento”. O senador mineiro argumenta que a reaproximação é “urgente e estratégica” antes das eleições municipais de outubro.
Carlos Viana não integra a base governista, mas foi o único parlamentar fora do núcleo aliado convidado para um jantar com Lula em Brasília no dia 2 de abril. O evento reuniu figuras como o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Segundo relatos da coluna, sua presença causou estranheza, mas o senador foi convidado para “expor análises sobre a relação governo-evangélicos”.
Aliado de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, Viana rompeu com o ex-presidente após ser excluído da disputa ao governo de Minas Gerais. Desde então, articula sua migração para o União Brasil, partido da base de Lula, e avalia concorrer ao Senado ou ao governo mineiro em 2026 em chapa governista.
Declarações
Em seu diagnóstico ao Planalto, Viana defendeu que “o governo precisa agir para desarmar narrativas de guerra cultural, mas o PT também deve moderar seu discurso”. A proposta inclui encontros com pastores de megaigrejas, como Edir Macedo (Universal) e Silas Malafaia (Assembleia de Deus), ainda não confirmados.
Líderes evangélicos consultados pela coluna do Estadão demonstraram ceticismo. Um pastor da Convenção Batista, que preferiu não se identificar, afirmou: “Lula é visto como adversário herege por boa parte de nossas bases”. Já assessores do Planalto avaliam a mediação como “oportunidade para desfazer estereótipos”.
FONTE : Gospel Mais