25 de abril de 2025 - 7:19

Motivo que leva católicos a se tornarem evangélicos ainda não foi entendido pelo clero

Com a morte do papa Francisco, líderes católicos e especialistas religiosos passaram a discutir os desafios institucionais que se impõem à Igreja Católica neste novo momento. Um dos principais pontos destacados é a perda de fiéis, especialmente na América Latina, com destaque para o Brasil — país que ainda concentra o maior número de católicos no mundo.

Embora o encolhimento da base católica seja um fenômeno global, no Brasil ele vem acompanhado de uma expansão considerável das igrejas evangélicas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os católicos representavam 74% da população brasileira no ano 2000. Em 2010, esse percentual havia caído para 65%.

Além da queda numérica, estudiosos observam que muitos dos que ainda se declaram católicos o fazem apenas de forma nominal. A antropóloga e historiadora Lidice Meyer Pinto Ribeiro, professora da Universidade Lusófona, em Portugal, afirma que “a existência do católico não praticante é uma questão cultural brasileira”.

O crescimento das denominações evangélicas nas últimas décadas tem sido expressivo. No mesmo período entre 2000 e 2010, a proporção de evangélicos na população brasileira aumentou de 15% para 22%, segundo o IBGE. Já os dados mais recentes do Censo de 2022 ainda não foram divulgados oficialmente, com previsão de publicação para junho deste ano.

Um levantamento do Instituto Datafolha, divulgado em 2020, mostrou que 50% dos brasileiros ainda se identificavam como católicos, enquanto 31% se declaravam evangélicos.

O sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, editor do jornal O São Paulo, da Arquidiocese de São Paulo, acredita que esse deslocamento não se dá rumo ao secularismo, mas sim a outras formas de expressão religiosa cristã: “O catolicismo não está perdendo fiéis porque estes se tornam ateus, mas sim porque abraçam um cristianismo mais conservador”, afirma.

No entanto, essa leitura é contestada por outros analistas. Há quem veja justamente o conservadorismo como um fator que colabora para o esvaziamento das igrejas católicas: “As igrejas evangélicas crescendo têm no catolicismo um grande fornecedor de fiéis. A Igreja Católica precisa preservar o que ainda resta, estancar a crise da perda de fiéis”, destaca o próprio Borba Ribeiro Neto, ao reconhecer o impacto dessa migração religiosa.

Para o teólogo e historiador Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, a Igreja Católica enfrenta um duplo desafio: conter a perda de membros e, ao mesmo tempo, fortalecer a fé daqueles que ainda se identificam com a tradição católica. “É preciso manter acesa a chama do catolicismo no país, ainda o maior país católico do mundo”, observa, de acordo com a BBC.

Além da mudança no perfil religioso da população, Moraes aponta outros fatores que agravam a crise institucional. Entre eles, a escassez de vocações sacerdotais e a dificuldade da Igreja em assumir posicionamentos claros diante de temas contemporâneos em um ambiente político cada vez mais polarizado.

A morte de Francisco, que buscou priorizar discursos progressistas, deixa aberta a discussão sobre os rumos que a Igreja Católica deverá tomar após a eleição do próximo papa.

FONTE : Gospel Mais

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