24 de abril de 2025 - 1:37

Cientistas dizem ter achado nova cor, a 'olo'

Pesquisadores dizem ter descoberto uma nova cor, que teria sido vista pela primeira vez —e talvez única— por participantes de um estudo. Há, porém, quem discorde que uma nova cor foi encontrada de fato.

A cor em questão recebeu o nome de “olo” e, segundo os participantes da pesquisa, parece ser uma espécie azul-verde de saturação sem precedentes —visto em relação a um fundo neutro cinza.

À BBC Radio 4, Ren Ng, um dos autores do estudo, afirmou que olo é “mais saturada do que qualquer cor que você pode ver no mundo real”.

“Digamos que você passe toda a sua vida vendo apenas rosa, rosa bebê, um rosa pastel”, disse Ng à BBC. “E então um dia você chega no trabalho e alguém está usando uma camisa com o rosa bebê mais intenso que você já viu, e eles dizem que é uma nova cor e ela se chama ‘vermelho’.”

Para chegar a essa cor, os pesquisadores usaram lasers para estimular células específicas da retina olhos dos participantes do experimento.

Os cientistas chamaram o processo de estimulação individual de células da retina de Oz. Segundo a pesquisa, publicada na semana passada na revista Science Advances, Oz possibilitaria a visão de cores fora da escala de cores conhecidas.

Os autores da pesquisa afirmam que, normalmente, na visualização de cores, qualquer luz que estimule uma célula cone —são as células fotorreceptoras que temos nos olhos— conhecida como M (um dos tipos de cone, sensível para comprimentos de onda médios), também estimula as células vizinhas L ou S (respectivamente, sensíveis a comprimentos de onda longos e curtos).

Em linhas gerais, podemos dizer que é pela informação obtida dos três cones mencionados que a visão de uma cor é formada.

O método Oz criado pelos pesquisadores para uso a partir de um maquinário, porém, conseguiria estimular somente cones M, “o que, em princípio, enviaria um sinal de cor ao cérebro que nunca ocorre na visão natural”, dizem os pesquisadores. “Na prática, alcançamos uma expansão parcial do espaço de cores em direção a esse máximo teórico.”

Mas como os pesquisadores saberiam que uma nova cor foi encontrada? Foi feito um teste de pareamento e correspondência de cores, no qual os participantes do estudo ajustavam uma tonalidade apresentada até chegar próximo do que seria a olo —lembrando, o nome da nova cor.

Curiosamente, por sinal, dos cinco participantes, três são autores do estudo —o que transforma o caso em um autoexperimento. Já os outros dois participantes, apesar de fazerem parte do laboratório onde o experimento foi desenvolvido, não sabiam dos objetivos do estudo.

“Nestes testes de correspondência, todos os participantes acharam necessário dessaturar o olo […] para corresponder às cores (quase) monocromáticas mostradas, que se encontram na fronteira do espectro humano natural. Esses comprimentos de onda monocromáticos correspondentes são os tons de azul-esverdeado mais saturados para a visão cromática normal nas condições de visualização dos sujeitos de teste”, afirmam os pesquisadores.

Porém, há pesquisadores que enxergam reticências no achado de olo.

Um deles é John Barbur, cientista na City St George’s, Universidade de Londres, que não participou da pesquisa. À BBC, ele disse que se alcançou no estudo, de fato, um feito tecnológico ao se estimular seletivamente células cone. Já a descoberta de uma nova cor seria “passível de discussão”.

Ng, porém, vê no estudo uma possível janela para, quem sabe eventualmente, ampliar as dimensões de cores para pessoas com daltonismo.

noticia por : UOL

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