21 de abril de 2025 - 8:59

Morreu o papa Francisco aos 88 anos em Roma

O papa Francisco morreu nesta segunda-feira, 21 de abril de 2025, aos 88 anos, no Vaticano. A informação foi confirmada pela Santa Sé por meio de comunicado oficial divulgado na Capela da Casa Santa Marta.

“Às 7h35 desta manhã [2h35 em Brasília], o bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”, dizia a nota.

Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936, foi o segundo papa mais idoso a liderar a Igreja Católica nos últimos 700 anos. Sua saúde vinha se deteriorando progressivamente ao longo dos últimos anos.

Em 14 de fevereiro de 2025, foi internado na Policlínica Agostino Gemelli, em Roma, para tratar uma bronquite. Exames posteriores diagnosticaram pneumonia bilateral.

Recebeu alta em 23 de março e estava em recuperação no Vaticano. Sua última aparição pública ocorreu em 20 de abril, durante a bênção de Páscoa, quando, em cadeira de rodas e com dificuldades para falar, desejou uma “feliz Páscoa” aos fiéis.

Prontuário

Francisco enfrentava um quadro de saúde frágil desde o início de seu pontificado. Em 2021, foi submetido a uma cirurgia no intestino grosso e permaneceu 11 dias hospitalizado. Ao longo dos anos seguintes, desenvolveu problemas cardíacos, dores crônicas nas costas e no quadril, e dificuldades respiratórias.

Em fevereiro de 2025, foi diagnosticado com uma infecção polimicrobiana no trato respiratório, além de crises prolongadas de asma. Em 22 de fevereiro, o Vaticano informou que o papa havia passado por uma transfusão de sangue em razão de plaquetopenia associada à anemia.

Em 23 de fevereiro, apresentou leve melhora e continuou com oxigenoterapia por meio de cânulas nasais. No dia 24, retomou atividades de trabalho e recebeu a Eucaristia. Apesar da evolução favorável, os médicos mantiveram o estado clínico como “crítico”.

Em 25 de fevereiro, o papa Francisco telefonou ao pároco da Paróquia de Gaza para manifestar solidariedade. No mesmo dia, agradeceu aos fiéis que se reuniram em oração por sua saúde.

Ao longo dos últimos dois anos, o pontífice apresentou episódios de saúde relevantes:

  • 7.jun.2023: submetido a cirurgia abdominal para reparo de hérnia;

  • 26.nov.2023: tratou infecção pulmonar após gripe;

  • 24.fev.2024: cancelou compromissos por conta de nova gripe;

  • 22.dez.2024: apareceu usando aparelho auditivo pela primeira vez;

  • 16.jan.2025: sofreu contusão no antebraço após queda;

  • 14.fev.2025: internado para tratar pneumonia bilateral.

Considerações sobre a renúncia

Em 30 de julho de 2022, Francisco reconheceu publicamente que sua liderança havia entrado em uma fase mais lenta. Em dezembro do mesmo ano, revelou ter redigido uma carta de renúncia a ser usada caso sua saúde o tornasse incapaz de exercer a função. Apesar disso, reafirmou em março de 2024 que a renúncia era uma “hipótese distante”.

Pontificado

Francisco foi eleito o 266º papa da Igreja Católica em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI. Foi o primeiro papa latino-americano e também o primeiro da ordem jesuíta. Adotou o nome Francisco em referência a São Francisco de Assis, símbolo de humildade e atenção aos pobres.

O pontífice optou por não residir no tradicional Palácio Apostólico, preferindo a Casa Santa Marta. Em sua primeira aparição como papa, usou uma túnica branca simples, abrindo mão da capa vermelha normalmente utilizada pelos pontífices recém-eleitos.

Durante seus 12 anos de pontificado, Francisco foi reconhecido por uma liderança pautada na inclusão, na transparência e na justiça social. Conforme destacou o Vatican News, sua gestão priorizou a fraternidade humana, a atenção à família, a ecologia integral, o combate aos abusos na Igreja e o protagonismo dos leigos.

Progressismo e reformas

Francisco adotou uma abordagem pastoral progressista, reafirmando que “todos são filhos de Deus”. Em 2015, declarou que os divorciados “não estão excomungados” e que “a Igreja não tem as portas fechadas para ninguém”.

Sua postura mais contundente foi junto ao movimento LGBTQIA+, defendendo que a homossexualidade “não é crime”, embora ainda considerada pecado, e condenou leis que a criminalizam.

Durante seu pontificado, o Vaticano autorizou a bênção a uniões entre pessoas do mesmo sexo — uma medida inédita na história da Igreja — e permitiu, sob condições, a entrada de homens homossexuais em seminários italianos, desde que se comprometessem com o celibato.

No campo da equidade de gênero, nomeou a freira italiana Simona Brambilla como prefeita responsável por supervisionar as ordens religiosas da Igreja, em 6 de janeiro de 2025. Anteriormente, já havia promovido mulheres a cargos de comando no Vaticano e apoiado o debate sobre a possibilidade de mulheres exercerem funções ministeriais.

Combate aos abusos

Desde o início do seu papado, Francisco tomou medidas contra os abusos sexuais na Igreja. Em 2014, criou a Comissão para a Tutela de Menores. Em 2019, revogou o segredo pontifício nos casos de abuso sexual, visando maior transparência.

Reforçou a obrigação de denúncia para clérigos e leigos vinculados a instituições católicas, condenando o acobertamento de crimes e reconhecendo os danos causados às vítimas. Também agradeceu a jornalistas por sua atuação na revelação dos casos.

Trajetória

Jorge Mario Bergoglio ingressou no noviciado da Companhia de Jesus em 1958. Estudou humanidades no Chile e filosofia na Argentina, atuando como professor de literatura e psicologia. Foi ordenado sacerdote em 13 de dezembro de 1969. Em 1973, assumiu a liderança dos jesuítas na Argentina.

Em 1992, foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires por João Paulo II. Tornou-se arcebispo da capital argentina em 1998 e cardeal em 2001. Em março de 2013, foi eleito papa, sucedendo Bento XVI.

Francisco deixa como legado um pontificado marcado pelas polêmicas teológicas causadas na tentativa de abrir as portas para grupos antagônicos à doutrina católica, assim como pelo esforço em combater abusos.

O Vaticano ainda não informou detalhes sobre o funeral ou os próximos passos relativos à sucessão papal, de acordo com o Poder 360.

FONTE : Gospel Mais

Ouvir Band FM

--:--
--:--
  • cover
    Band FM 99.3

LEIA MAIS