12 de abril de 2025 - 18:49

Diálogo entre Irã e EUA sobre programa nuclear tem 'atmosfera positiva' e será retomado 'na próxima semana', diz Teerã


Conversas visam abordar o programa nuclear de Teerã em meio ao aumento das tensões no Oriente Médio. Irã está cético quanto às perspectivas de um acordo e cauteloso com as ameaças militares de Trump. O presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei
Associated Press / Office of the Iranian Supreme Leader/WANA (West Asia News Agency)/Handout via REUTERS
O Irã e os EUA realizaram conversas em Omã neste sábado (12) e concordaram em se reunir novamente na próxima semana, informou o lado iraniano. O diálogo é destinado a abordar o crescente programa nuclear de Teerã, com o presidente Donald Trump ameaçando ação militar caso não haja acordo.
O Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi publicou em seu canal do Telegram que sua delegação teve um breve encontro com sua contraparte americana, chefiada pelo enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, após a saída das negociações indiretas mediadas por Omã.
“Após o término de mais de duas horas e meia de conversas indiretas, os chefes das delegações iraniana e americana conversaram por alguns minutos na presença do Ministro das Relações Exteriores de Omã ao saírem das negociações”, disse Araqchi.
Ele disse que as negociações – as primeiras entre o Irã e um governo Trump, incluindo seu primeiro mandato em 2017-21 – ocorreram em uma “atmosfera produtiva e positiva”.
“Ambos os lados concordaram em continuar as negociações na próxima semana”, escreveu Araqchi, sem dar mais detalhes sobre o local e a data.
Não houve comentários imediatos dos EUA sobre as negociações.
Ressaltando o profundo abismo entre os EUA e o Irã, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baghaei, afirmou anteriormente no X que cada delegação teria sua própria sala e trocaria mensagens por meio do ministro das Relações Exteriores de Omã.
“O foco atual das negociações será o alívio das tensões regionais, a troca de prisioneiros e acordos limitados para aliviar as sanções (contra o Irã) em troca do controle do programa nuclear iraniano”, disse uma fonte omanense à Reuters. Baghaei negou essa versão, mas não especificou o que era falso.
O Irã tem enriquecido urânio na planta nuclear subterrânea de Fordow
Planet Labs Inc. via AP/picture alliance
Omã tem sido, há muito tempo, um intermediário entre as potências ocidentais e o Irã, tendo intermediado a libertação de vários cidadãos estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade detidas pela República Islâmica.
Teerã abordou as negociações com cautela, cético quanto à possibilidade de um acordo e desconfiado de Trump, que ameaçou repetidamente bombardear o Irã se o país não interromper seu acelerado programa de enriquecimento de urânio – considerado pelo Ocidente como um possível caminho para armas nucleares.
Embora ambos os lados tenham mencionado as chances de algum progresso, eles permanecem distantes em uma disputa que se arrasta há mais de duas décadas. O Irã nega há muito tempo buscar capacidade de armas nucleares, mas países ocidentais e Israel acreditam que o país esteja secretamente tentando desenvolver os meios para construir uma bomba atômica.
As trocas de sábado pareceram indiretas, como o Irã desejava, em vez de presenciais, como Trump havia exigido.
“Este é um começo. Portanto, é normal, nesta fase, que os dois lados apresentem um ao outro suas posições fundamentais por meio do intermediário omanense”, disse Baghaei.
Sinais de progresso podem ajudar a acalmar as tensões em uma região inflamada desde 2023, com guerras em Gaza e no Líbano, disparos de mísseis entre Irã e Israel, ataques houthis a navios do Mar Vermelho e a derrubada do governo da Síria.
Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi
REUTERS/Dilara Senkaya/File Photo
Alto risco
O fracasso agravaria os temores de uma conflagração mais ampla, em uma região que exporta grande parte do petróleo mundial. Teerã alertou os países vizinhos que possuem bases americanas de que enfrentariam “consequências severas” se estivessem envolvidos em qualquer ataque militar americano ao Irã.
“Há uma chance de um entendimento inicial sobre novas negociações se a outra parte (EUA) entrar nas negociações com uma posição igual”, disse Araqchi à TV iraniana.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que tem a palavra final em questões estatais importantes, concedeu a Araqchi “plena autoridade” para as negociações, disse uma autoridade iraniana à Reuters.
O Irã descartou negociar suas capacidades de defesa, como seu programa de mísseis balísticos.
Nações ocidentais afirmam que o enriquecimento de urânio pelo Irã, uma fonte de combustível nuclear, foi muito além dos requisitos de um programa de energia civil e produziu estoques com um nível de pureza físsil próximo ao exigido em ogivas.
Trump, que restaurou uma campanha de “pressão máxima” sobre Teerã desde fevereiro, abandonou um pacto nuclear de 2015 entre o Irã e seis potências mundiais em 2018, durante seu primeiro mandato, e reimpôs sanções severas à República Islâmica.
Desde então, o programa nuclear iraniano avançou, inclusive com o enriquecimento de urânio a 60% de pureza físsil, um avanço técnico em relação aos níveis necessários para uma bomba.
Israel, o aliado mais próximo de Washington no Oriente Médio, considera o programa nuclear iraniano uma ameaça existencial e há muito tempo ameaça atacar o Irã se a diplomacia não conseguir conter suas ambições nucleares.
A influência de Teerã em todo o Oriente Médio foi severamente enfraquecida nos últimos 18 meses, com seus aliados regionais – conhecidos como “Eixo da Resistência” – desmantelados ou gravemente prejudicados desde o início da guerra entre Hamas e Israel em Gaza e a queda de Bashar al-Assad na Síria em dezembro.
Trump sobre Irã: ‘Todos concordamos que um acordo seria melhor do que fazer o mais óbvio”
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Fonte: G1

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