Jordan Bardella, 29, autoconfiante e popular nas redes sociais, estabeleceu-se como alternativa da extrema direita para a eleição presidencial da França apesar de não ter o sobrenome Le Pen.
A inabilitação por cinco anos imposta nesta segunda-feira (31) à Marine Le Pen para concorrer a cargos públicos gerou novas especulações de que Bardella vai substituí-la como candidato à Presidência em 2027.
“Não é mistério que Jordan Bardella seria o candidato mais bem colocado hoje”, disse Louis Aliot, referindo-se àquela que já foi sua rival pela presidência do partido Reunião Nacional (RN).
Filha de Jean-Marie Le Pen, o controverso fundador da Frente Nacional (renomeado RN), Marine já encarregou Bardella de liderar seu partido nas eleições europeias de 2019 e 2024.
A líder de fato do RN, presidido por Bardella desde 2021, também disse, no ano passado, que seu correligionário seria o primeiro-ministro caso tivessem conquistado maioria absoluta nas eleições legislativas. Não conseguiram.
“Ela o considera como um filho espiritual”, afirma um deputado próximo a ambos. A ultradireitista também o vê como sua “dupla executiva”, caso Marine fosse eleita presidente.
Mas, para seus críticos, a imagem de “genro ideal”, sempre vestido e penteado de forma impecável, busca esconder um político carente de conteúdo, assim como as raízes antissemitas e racistas de seu partido.
Lá Fora
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Diante do público, ele apresenta uma biografia diferente do clã Le Pen e parece convencer. É preferido por 31% dos franceses, contra 16% que optam pela líder da extrema direita, segundo uma pesquisa da Odoxa sobre ambos publicada nesta segunda-feira.
Nascido em 1995 em uma família de origem italiana, o eurodeputado sempre enfatiza que cresceu em um prédio de apartamentos sociais de um subúrbio de Paris marcado pelo tráfico de drogas e por “meninas com véu” islâmico.
Mas Bardella, criado por sua mãe, evita falar de seu pai, um empresário próspero que lhe deu um carro de presente e alugou um apartamento para ele, e com quem passa os fins de semana em uma casa em regiões mais abastadas.
Soma-se a isso a sua estratégia nas redes sociais para atrair jovens. É uma das personalidades preferidas no TikTok, com quase 2 milhões de seguidores, e costuma publicar selfies após cada comício ou deslocamento.
Seus seguidores não hesitam em publicar vídeos dele, até mesmo desenhando corações. “Capitão, meu capitão, precisamos que você nos guie”, diz a trilha sonora de um dos vídeos postados durante a campanha para as eleições europeias.
Em termos ideológicos, Bardella oferece uma face mais liberal na economia do que Le Pen e mais conservadora no aspecto social, sem abandonar sua linha contra imigração e insegurança.
Em seu livro “Ce que je cherche” (O que procuro, em tradução livre), publicado em novembro, Bardella afirma querer unir “os franceses das classes trabalhadoras e uma parte da burguesia conservadora” em busca da “unidade do lado patriótico”.
Os rivais de Bardella, que não terminou o curso universitário de Geografia para se dedicar à carreira política, o acusam de não conhecer profundamente temas importantes e de não ter posições claras.
“Não sou como você, que muda de opinião sobre tudo”, disse o então primeiro-ministro Gabriel Attal a Bardella em maio de 2024 durante um debate.
Uma reportagem da televisão pública francesa denunciou em janeiro que Bardella usou uma conta anônima do Twitter, de 2015 a 2017, para compartilhar mensagens racistas, algo que ele nega.
E em novembro, Bardella, que se uniu à Frente Nacional em 2012, disse que seu fundador, Jean-Marie Le Pen, não era antissemita, apesar de suas condenações judiciais.
noticia por : UOL