Isaac Roitman encantou Darcy Ribeiro. Este lembrava daquele em todos seus grandes projetos. Juntos, eles pavimentaram e abrilhantaram o ensino superior público brasileiro.
Nascido na litorânea Santos (SP), em 12 de janeiro 1939, Roitman viveu na cidade até completar seus estudos secundários. Estudou odontologia na PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), no interior paulista.
Em 1963, partiu para o Rio de Janeiro, onde fez um curso de especialização em microbiologia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Em seguida, foi convidado a realizar o doutorado no laboratório de fisiologia microbiana, obtendo o título em 1967.
Sua carreira profissional começou em 1964, na própria federal carioca, onde se tornou professor-assistente até 1969 e, posteriormente, professor-adjunto até 1974. As raízes de Roitman, porém, foram fincadas a mais de mil quilômetros dali, na UnB (Universidade de Brasília).
Em 1972, o pesquisador ingressou na instituição como professor-adjunto visitante, função que exerceu até 1974. Depois, foi convidado para criar o laboratório de microbiologia da universidade, onde conheceu Darcy, que fundara a instituição uma década antes.
O sociólogo ficou deslumbrado com a paixão de Roitman pelo ensino e sua gana em construir um país mais democrático por meio do acesso ao conhecimento. Paixão sentida por todos que cruzaram a vida do professor, caso de Rozana Naves, atual reitora da Universidade de Brasília.
Segundo ela, Roitman foi uma referência na ciência e na educação e “dedicou sua vida à pesquisa, à formação de novas gerações e à construção de políticas públicas para o avanço do conhecimento no Brasil”.
A convite de Darcy, o pesquisador ainda dirigiu o Centro de Biociências e Biotecnologia da Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense), outro projeto idealizado pelo sociólogo.
Gostava de um bom diálogo e sempre esteve aberto a discutir o Brasil, concordando ou não com seus interlocutores. Sua casa esteve sempre aberta para aliados e críticos.
O percurso de Roitman foi amplamente reconhecido. Tornou-se professor emérito da federal de Brasília, pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e membro da Academia Brasileira de Ciências. Recebeu também várias homenagens, entre elas, a Medalha Nacional do Mérito Científico nas categorias comendador e grã-cruz.
Publicou mais de 60 trabalhos em revistas indexadas, editou dois livros e é autor/coautor de oito capítulos em livros. Orientou 27 teses (18 de mestrado e nove de doutorado) e colaborou em mais de 285 artigos.
Isaac Roitman morreu em 7 de março, aos 86 anos. Deixa a esposa, Celina.
noticia por : UOL