O noticiário brasileiro, especialmente o televisivo, tem um padrão quando se trata de falar sobre favelas e periferias: a exploração excessiva de pautas policiais, como se a violência fosse a única realidade desses territórios. Esse tipo de abordagem transforma tragédias em espetáculos midiáticos, explorando dramas pessoais como se fossem episódios de um reality show. Helicópteros sobrevoam comunidades, manchetes sensacionalistas dominam a tela, e cenas de operações policiais são transmitidas ao vivo, criando uma narrativa de medo e perigo constante.
Ao mesmo tempo, quando surgem histórias de inovação, economia criativa, educação e empreendedorismo dentro das favelas, essas iniciativas são tratadas como algo exótico, quase uma exceção à regra. A cobertura de conquistas e avanços é muitas vezes reduzida a pequenas notas ou reportagens pontuais, sem a mesma repetição e destaque que se dá à violência. Isso reforça uma visão limitada e distorcida da realidade periférica, onde o cotidiano de milhões de brasileiros é reduzido à insegurança.
Obviamente, a violência e a segurança pública são temas importantes e precisam ser debatidos. No entanto, as favelas são muito mais do que isso. Elas são espaços de potência, criatividade e soluções inovadoras para problemas sociais e econômicos. Iniciativas de educação popular, startups que surgem em becos e vielas, projetos de impacto social e redes de solidariedade são exemplos concretos de como as favelas produzem conhecimento, compartilham experiências e promovem crescimento para toda a sociedade.
noticia por : UOL