19 de março de 2025 - 18:20

Butch Vig, do Garbage, diz que noticiário nos EUA está cada vez mais sombrio

O produtor musical e instrumentista Butch Vig é um nome fundamental do rock nas últimas três décadas. Esse americano de 69 anos produziu discos importantes de Nirvana —”Nevermind”—, Smashing Pumpkins —”Gish” e “Siamese Dream”—, Sonic Youth —”Dirty”—, L7 —”Bricks are Heavy”—, Foo Fighters —”Wasting Light”, “Sonic Highways”— e Green Day —”21st Century Breakdown”. Desde 1993, é o baterista e produtor do Garbage, banda que conta ainda com a cantora Shirley Manson e os multi-instrumentistas Steve Marker e Duke Eriskon.

O Garbage volta ao Brasil para três shows. A banda se apresenta no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, em 21 de março, em São Paulo, no Terra, no dia seguinte, e em Curitiba, na Ópera de Arame, dia 23 de março, em luxuosa dobradinha com a excelente banda punk feminina L7, que toca de novo no Brasil. “Vai ser muito divertido encontrar as meninas do L7 aí”, diz Vig. “É certamente a banda mais louca e divertida que já tive o prazer de produzir, amo todas elas.”

O Garbage prepara para o fim de maio o lançamento de “Let All That We Imagine Be The Light”, oitavo disco de estúdio da banda. “De certa forma, é uma continuação de nosso último disco, ‘No Gods No Masters’”, conta Vig. “As letras de Shirley [Manson] continuam falando de temas sociopolíticos, mas acho que nesse disco ela pôs mais otimismo e esperança nas letras. E estamos precisando disso, porque o noticiário aqui nos Estados Unidos está ficando a cada dia mais sombrio.”

Musicalmente, Vig diz que o novo disco é “muito cinematográfico, com um desenho de som interessante e complexo”. Ele explica —”Quisemos fazer um disco que, em partes, soasse esparso e minimalista. O novo LP é cheio de sintetizadores analógicos e teclados. Algumas músicas têm guitarras pesadas, marca do Garbage, mas acho que é um disco mais influenciado pelos teclados”.

Vig tem uma carreira de quase quatro décadas como produtor musical e se diz chocado com a rapidez com que as técnicas de gravação vêm evoluindo. “A revolução digital é impressionante, a cada dia surgem novas maneiras de gravar e fazer música. Não é segredo nenhum que, hoje, um menino num quarto pode compor e gravar uma música em questão de poucas horas e imediatamente colocá-la na Internet. Isso é incrível porque democratiza o processo. Por outro lado, há tanta gente fazendo isso que hoje temos um imenso oceano de mediocridade, em que todo mundo usa os mesmos ‘beats’ e timbres.”

O produtor diz que o processo de composição e gravação do Garbage ainda é o mesmo de trinta anos atrás. “Nada é melhor do que ter pessoas juntas num estúdio trabalhando em conjunto. É assim que surgem as melhores ideias e as melhores soluções. Eu faço muitos trabalhos à distância, com trocas de arquivos pela web, mas prefiro trabalhar olhando para as pessoas.”

O novo disco do Garbage parece refletir o interesse de Vig em trilhas sonoras de cinema, particularmente em trabalhos de artistas mais ligados à vanguarda e ao experimentalismo. “Amei o trabalho de Daniel Blumberg em ‘O Brutalista’ e ouço sempre as trilhas da Mica Levi, especialmente a de ‘Sob a Pele’ (2013), que considero brilhante”, diz Vig, que está compondo a trilha sonora de um filme de terror chamado “The Third Parent”.

Além do trabalho como compositor de trilhas sonoras, Butch Vig continua produzido discos de outros artistas e está em meio à gravação do mais recente LP da banda californiana Silversun Pickups. “Já trabalhei muito com esses caras e simplesmente amo a banda, além de adorá-los como amigos. Para mim, é muito importante que o processo de gravação seja prazeroso e divertido. Isso faz toda a diferença.”

noticia por : UOL

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