10 de março de 2025 - 21:08

Violência explode na Síria, deixa mais de mil mortos e cristãos suspendem cultos

Uma nova onda de violência tomou conta da Síria nos últimos dias, gerando temor entre a população e levando cristãos a cancelarem cultos e considerarem deixar o país.

Os conflitos, que se intensificaram na última semana, já resultaram na morte de mais de mil pessoas, a maioria civis, na região costeira do país, que ocupa a 18ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025.

Apenas três mortes de cristãos foram confirmadas até o momento. Na quinta-feira, 06 de março, um pai e um filho foram mortos, enquanto na sexta-feira, outro cristão foi atingido por uma bala dentro de casa, aparentemente vítima dos combates entre forças de segurança do novo governo e apoiadores do regime anterior.

Diante da escalada da violência, os três principais líderes cristãos da Síria divulgaram uma declaração conjunta no sábado, 08 de março, na qual denunciam os ataques contra civis.

“Nos últimos dias, a Síria testemunhou uma perigosa escalada de violência, brutalidade e assassinatos, resultando em ataques a civis inocentes, incluindo mulheres e crianças. Lares foram violados, sua santidade desrespeitada e propriedades saqueadas, cenas que refletem claramente o imenso sofrimento suportado pelo povo sírio”, afirmaram no comunicado. Os líderes cristãos também condenaram os massacres e pediram o fim imediato dos ataques.

Conflito e toque de recolher

A violência começou na quinta-feira em áreas de maioria alauíta, grupo muçulmano ao qual pertencia o ex-presidente Bashar al-Assad. Apoiadores do antigo governo pegaram em armas e atacaram forças de segurança do novo regime, matando diversos soldados. O novo líder do país, Ahmed al-Sharaa, determinou o envio de reforços militares para conter a situação.

Diante dos confrontos, um toque de recolher foi imposto nas cidades de Homs, Tartous e Latakia. Segundo informações não confirmadas, as forças de segurança sírias teriam matado 830 civis alauítas.

A BBC, citando o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, informou que pelo menos 231 membros das forças de segurança e 250 combatentes pró-Assad foram mortos nos combates.

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu o fim imediato da violência:

“Os assassinatos de civis nas áreas costeiras no Noroeste da Síria devem cessar imediatamente. Estamos recebendo relatos extremamente perturbadores de famílias inteiras, incluindo mulheres e crianças, sendo mortas. Há relatos de execuções sumárias com base sectária por perpetradores não identificados, por membros das forças de segurança das autoridades interinas, bem como por elementos associados ao antigo governo”, declarou Türk em comunicado oficial.

Cristãos temem o futuro

A nova escalada de violência trouxe lembranças dos tempos de domínio do Estado Islâmico e aprofundou a sensação de insegurança entre a comunidade cristã síria. “Todos os cristãos que conheço agora querem deixar o país”, afirmou uma fonte local. Em cidades como Latakia e Tartous, lojas e restaurantes permaneceram fechados nos últimos dias.

A organização cristã Portas Abertas também se manifestou sobre a situação. Em nota, o secretário-geral da Portas Abertas Brasil, Marco Cruz, destacou a importância da oração neste momento: “Mais do que nunca, a unidade do corpo de Cristo em todo o mundo é necessária em intercessão por nossos irmãos na fé sírios”, afirmou.

A situação na Síria segue incerta, com novos relatos de violência e instabilidade. Enquanto as forças do governo tentam restabelecer a ordem, o medo e a insegurança continuam a afetar a população, especialmente os cristãos, que temem um novo período de perseguição e violência sectária.

FONTE : Gospel Mais

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