Um banco de dados vazado revelou que 166.000 soldados russos foram feridos na guerra. O levantamento, analisado pela Novaya Gazeta Europe, foi entregue ao Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) pelo ex-oficial russo Alexey Zhilyaev, que desertou e fugiu para a França. Segundo ele, o Ministério da Defesa da Rússia subnotifica a gravidade dos ferimentos para acelerar o retorno dos soldados ao campo de batalha.
O vazamento revelou que, do total, apenas 3.205 soldados foram oficialmente considerados “gravemente feridos”. Segundo a Novaya Gazeta Europe, essa subestimação permitiria que mais militares fossem reaproveitados rapidamente. Zhilyaev afirma que somente amputações completas impedem um soldado de ser enviado de volta ao front.
Registros dentro da Rússia reforçam as denúncias. Em um vídeo analisado pela CNN, um soldado recém-operado grita ao ser retirado de um hospital militar: “O que vocês estão fazendo comigo? Fui operado ontem”, protesta ele, antes de ser colocado em um veículo rumo à linha de frente. O vídeo foi gravado na cidade de Yeysk, no sul da Rússia.
Soldados relatam falta de tratamento adequado antes de serem enviados de volta ao combate. Um militar ouvido pela CNN afirmou: “Passei um mês no hospital e ninguém extraiu os estilhaços da minha perna. Apenas passaram pomada e me mandaram embora”.
Militares da 20ª Exército da Rússia denunciaram a prática em vídeos. Um deles afirmou que, mesmo após sofrer duas lesões graves e uma contusão cerebral, foi declarado apto para o serviço. “Agora eles nos dão fuzis e coletes à prova de balas e nos mandam para o front sem nenhuma restrição”, disse.
Moscou teria criado uma unidade especial para reunir feridos antes de reimplantá-los. Aqueles que conseguem se recuperar são enviados para um chamado “Regimento de Recuperação” perto de Moscou, onde permanecem por um mês antes de retornarem ao combate.
noticia por : UOL