Que interesse teriam, por exemplo, dois ex-comandantes militares em relatar que lhes foi apresentada uma minuta com os caminhos para um golpe de Estado… Para quê? Com que propósito? Bem, leiam a denúncia.

Querem saber o mais espantoso de tudo? Bolsonaro e seus fanáticos continuam a fazer discurso golpista ainda hoje. Na terça, na sua passagem pelo Senado, o ex-presidente acusou duas vezes o TSE de fraude eleitoral. Como base em que evidência? Ora, a mesma que o fez escalar o discurso golpista. Não há. Nota à margem: Gonet lembrou a reunião de 5 de julho de 2022 em que o então presidente encomendou a seus ministros e auxiliares ações para impedir a realização da própria eleição.

Não menos estarrecedor foi a manifestação de seus aliados no Congresso nesta quarta, dia seguinte à apresentação da denúncia. Promoveram um evento em defesa, imaginem!, da anistia! E o fizeram no dia em que o procurador-geral exibiu o vínculo inegável entre a trama golpista e o 8 de janeiro.

O deputado Coronel Zucco (RS), líder do PL na Câmara, afirmou:
“Recentes decisões do STF nos fazem questionar se teremos possiblidade de defesa para Bolsonaro ou ele já entra condenado a 20, 30, 40 anos de prisão. Bolsonaro será julgado por aqueles que se vangloriaram pela derrota de Bolsonaro”.

Huuummm… Pode-se dizer que o rapaz é ainda inexperiente.
O senador Rogério Marinho (PL-RN), que não cansa de diminuir a própria biografia e de assombrar a de seu avô, Djalma Marinho, saiu-se com esta:
“Muitos estão se sentindo confortáveis com um judiciário parcial. Não dá para acreditar em uma câmara de ministros que faz críticas ao ex-presidente, a exemplo de (Flávio) Dino. Como exigir imparcialidade?”

Como se pode perceber, Bolsonaro, aquele que articulou de maneira inequívoca um golpe de estado — que só não avançou porque não contou com o apoio da cúpula das Forças Armadas —, está cercado de líderes que acreditam não existir tribunal competente para julgá-lo. Logo, entendem que o seu “Mito” está acima das leis.