A junta militar que governa Mianmar prolongou nesta sexta-feira (31) o estado de emergência por mais seis meses, um dia antes do aniversário de quatro anos de um golpe que mergulhou o país no caos após uma década de democracia provisória.
Os militares enfrentam dificuldades contra a resistência de grupos armados. Nos últimos meses, a junta sofreu vários reveses em sua luta contra uma aliança de milícias de minorias étnicas nas regiões norte e leste do país.
A junta militar, liderada pelo comandante do Exército, Min Aung Hlaing, aprovou a decisão por unanimidade, segundo o órgão de imprensa do governo. O estado de emergência significa que as eleições que os militares prometeram organizar serão adiadas, pelo menos, até o segundo semestre.
“Ainda há mais tarefas a serem feitas para realizar a eleição geral com sucesso. Especialmente para uma eleição livre e justa, estabilidade e paz ainda são necessárias”, disse a agência estatal Myanmar Digital News em seu canal do Telegram.
Os militares tomaram o poder alegando fraude nas eleições de 2020, nas quais o partido da vencedora do Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND), conquistou uma vitória contundente. O golpe militar de 1º de fevereiro de 2021 encerrou um breve período de dez anos de democracia no país.
A junta prorrogou o estado de emergência diversas vezes desde que tomou o poder. Enquanto isso, continua em combates contra as milícias de minorias étnicas e novos grupos pró-democracia, como a Força de Defesa do Povo.
Nos últimos dois meses, a junta apresentou planos aos vizinhos para uma eleição neste ano, além de divulgar os resultados de um censo realizado para preparar listas de eleitores —levantamento que foi feito em menos da metade dos municípios do país— e anunciar que estaria trabalhando para garantir estabilidade nas eleições.
Reunidas, essas medidas representam as mais sérias declarações de intenção da junta de realizar eleições desde que derrubou o governo de Aung San Suu Kyi, mas ocorrem em meio a uma guerra civil devastadora, na qual os militares vêm perdendo terreno em todo o país.
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Uma oposição armada, composta por exércitos étnicos e novos grupos de resistência formados desde o golpe, tomou pedaços de território da junta, expulsando-a das áreas de fronteira e cada vez mais confinando o território que controla nas terras centrais do país.
As vidas de milhões de pessoas em Mianmar, já envolvidas em um conflito crescente que dizimou a economia, estão em jogo. Até o início deste ano, segundo a agência de notícias Reuters, estima-se que cerca de 15 milhões de pessoas no país enfrentem níveis agudos de insegurança alimentar ou privação de alimentos que ameaçam vidas ou meios de subsistência.
noticia por : UOL