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Governo Lula decidiu recuar e vai revogar a portaria da Receita Federal que ampliava o monitoramento das transações feitas por Pix.
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Governo Lula decidiu recuar e vai revogar a portaria da Receita Federal que ampliava o monitoramento das transações feitas por Pix.
RAQUEL LANDIM
DO UOL
Um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) derrubou a resolução do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o Pix, e expôs o desafio do governo Luiz Inácio Lula da Silva na comunicação.
Parece exagero, mas não é.
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A peça feita pelo deputado mineiro, que é um fenômeno das redes sociais, viralizou de uma maneira insustentável para o governo.
Até o início da tarde, quando o ministério da Fazenda voltou atrás na resolução que alterava as regras de fiscalização da Receita Federal, o vídeo já acumulava mais de 170 milhões de visualizações, 5 milhões de curtidas e 4,5 milhões de enviados no Instagram.
Ao contrário de outras publicações na Internet sobre o tema, o vídeo não disseminava a fake news de que o Pix seria taxado – ao contrário, dizia expressamente que não.
Mas plantava a dúvida – infundada – de que poderia vir a ser. O argumento cola, porque vem logo seguido de outro, também um erro político crasso do governo: o caso das blusinhas da China.
Naquele caso, ressaltava o deputado, Lula prometeu que não ia cobrar imposto das mercadorias importadas abaixo de US$ 50, mas cobrou.
Ali o governo e o Congresso fizeram uma escolha, que foi optar por defender a margem de lucro da indústria e do varejo, que fizeram lobby no Congresso, e não os consumidores.
Outro ponto interessante é que Nikolas faz uma defesa clara da sonegação no seu vídeo.
“O mais afetado vai ser o trabalhador informal. O motorista de Uber. Ele vai ter suas movimentações vigiadas. Muitos não declaram imposto de renda, porque senão é impossível pagar suas contas”, diz.
Sonegar imposto é crime. A Receita Federal está correta em ir atrás do sonegador.
O deputado, no entanto, aponta um dos calcanhares de Aquiles do governo Lula, que deveria ser progressista.
Ao escolher ir atrás do sonegador que faz movimentações acima de R$ 5.000, e poupar os mais ricos quando, por exemplo, não inclui no pacote de corte de gastos os supersalários dos juízes, o governo faz uma escolha.
Muitos vão argumentar, com razão, que o governo até tenta tributar a fatia mais abastada da população, mas o Congresso não deixa.
Haddad buscou, por exemplo, acabar com a desoneração da folha de pagamento, mas diversos setores da economia, inclusive as empresas de mídia cerraram fileiras e brecaram a iniciativa na Câmara.
E o Congresso é formado majoritariamente pela centro-direita da qual o partido de Nikolas faz parte.
O que interessa, no entanto, é a narrativa política.
E, nessa guerra, particularmente nas redes, a direita se firma como uma defensora da classe média baixa empreendedora, enquanto o governo perde de 7 a 1.
Perde quando anuncia medidas que não consegue sustentar, e perde quando muda de ideia e cede aos lobbies.
A tarefa do novo ministro da Comunicação, Sidônio Palmeira, é gigantesca.
FONTE : ReporterMT