15 de janeiro de 2025 - 8:34

Mato Grosso contribui para mitigar aquecimento global por meio do manejo florestal

DO REPÓRTERMT

Atenções de todo planeta estarão centradas na 30ª Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre Mudanças Climáticas (COP30), quando também será celebrado o 10º aniversário do Acordo de Paris. A COP 30 será realizada em novembro de 2025 em Belém, capital do Pará (PA). 

O Pará é um dos principais produtores e exportadores de madeira do Brasil. Junto com Mato Grosso, responde por 62,6% da quantidade total de madeira em tora extraída das florestas nativas, representando 79,1% do valor da produção madeireira no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Maior produtor nacional de madeira nativa em tora, com 5 milhões de metros cúbicos (m3) em 2023, o Pará aumentou em 5% sua extração. Mato Grosso está em 2º lugar, com participação de 18,4% na produção madeireira no território brasileiro, com 3.951 milhões (m3) de tora e lenha, provenientes dos mais de 5 milhões de hectares de áreas de manejo florestal.

Entre os 20 maiores produtores municipais de madeira nativa no Brasil destacam-se Colniza, em 4º lugar no ranking nacional com 425 mil (m3), seguido de Aripuanã (6º lugar com 310 mil m3), Juara (13º lugar com 150 mil m3) e Juína (14º lugar e 145 mil m3), conforme levantamento do IBGE.

Em 66 municípios mato-grossenses a produção madeireira é a principal atividade econômica, empregando 13.878 pessoas com carteira assinada em novembro de 2024, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Quantitativo que representa 10% do estoque de 133.273 empregos da indústria de transformação de Mato Grosso. De janeiro a novembro, a geração de empregos no setor de base florestal no estado aumentou, com a abertura de 475 novos postos de trabalho formais.

O presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem), Ednei Blasius, afirma que alinhar a produção madeireira com boas práticas ambientais é um compromisso do setor de base florestal de Mato Grosso. “Ao implementar a gestão das matas nativas em áreas de reservas particulares por meio dos planos de manejo, o setor de base florestal contribui para o sequestro de carbono e mitigação das mudanças climáticas. A técnica do manejo sustentável, ao garantir a floresta em pé, não apenas contribui para a preservação ambiental e da biodiversidade, mas também atende à demanda por produtos que respeitam as normas de sustentabilidade, legalidade e qualidade”, diz Blasius. Esses diferenciais intrínsecos aos produtos florestais mato-grossenses tem sido demonstrados em eventos setoriais, dentro e fora do Brasil.

Em Mato Grosso, a produção do setor de base florestal está adequado aos processos detalhados de monitoramento e controle em toda cadeia produtiva, que envolve a rastreabilidade desde a origem até a comercialização final da madeira nativa, realizado por meio do Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora 2.0), atendendo aos mais altos padrões ambientais. Isso proporciona maior transparência e facilita a fiscalização pelos órgãos reguladores, promovendo uma gestão eficiente dos recursos florestais. A cadeia de custódia complementa a rastreabilidade ao assegurar a origem dos produtos florestais comercializados, pois identifica as etapas de um produto de ponta a ponta, desde a produção até a distribuição ao consumidor final. Esse controle oferece segurança aos mercados nacional e internacional, assegurando que a madeira colhida no estado cumpre as normas ambientais e contribui para a conservação da floresta em pé.

Meta global

Firmado em 2015 durante a COP 21, o Acordo de Paris é a principal convenção climática da ONU e prevê a redução das emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, visando limitar o aquecimento global. Neste horizonte de dez anos, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases poluentes em 37%, bem como aumentar a participação de bioenergia na matriz energética para aproximadamente 18% em 2030. Neste sentido, Mato Grosso pode fortalecer sua contribuição ao equilíbrio climático, expandindo a abrangência do manejo florestal, diante do potencial de alcançar até 6 milhões (ha) de florestas manejadas.

Impactos econômicos dentro e fora do Brasil

As indústrias madeireiras de Mato Grosso exportaram 201.902 toneladas de produtos florestais para 69 países em 2024. O comércio com os mercados consumidores internacionais propiciaram saldo financeiro de US$ 85,3 milhões ao setor de base florestal do estado, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). No cenário global, os acordos intergovernamentais favoreceram o acesso da madeira principalmente aos blocos econômicos G7 (US$ 29,3 milhões), União Europeia (US$ 25,7 milhões), Ásia (US$ 22,2 milhões) e Brics (US$ 20,4 milhões), aponta o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Entre os compradores estrangeiros de madeira nativa de Mato Grosso destaca-se a França, um dos mercados mais exigentes ambientalmente no comércio internacional e que aumentou a demanda. Em 2024, os franceses investiram US$ 13,7 milhões na aquisição de 7.192 toneladas de produtos florestais despachados pelas indústrias mato-grossenses. Os números demonstram intensificação do comércio de madeira entre os fornecedores locais e os consumidores franceses ao longo dos últimos dez anos e também em relação a 2023. Comparado com 2014, quando foram embarcadas 5 mil toneladas de madeira por US$ 7,9 milhões, as empresas de base florestal elevaram em 72% o faturamento resultante da relação comercial com o país europeu. Na comparação com 2023, o volume de negócios entre o setor madeireiro de Mato Grosso com a França cresceu 3,5%, considerando embarques de 6.660 toneladas por US$ 13,2 milhões, informa o Mapa.

Outro país que elevou em 7,9% os investimentos na compra de madeira originária de Mato Grosso é a Índia. Em 2024, foram destinadas aos compradores indianos 24.947 toneladas do produto por US$ 13,9 milhões, ante 31 mil toneladas repassadas por US$ 12,9 milhões em 2014. Pelo volume de negócios, destacam-se, ainda, as vendas acumuladas em 2024 para os Estados Unidos (US$ 12,9 milhões), Bélgica (US$ 6,5 milhões) e China (US$ 5,2 milhões).

Os resultados das exportações são atribuídos, principalmente, aos embarques de madeira em bruto (US$ 49,5 milhões), serrada (US$ 19 milhões) e perfilada (US$ 16,2 milhões).

Fomento ao comércio de produtos florestais

Para 2025, estão previstas feiras de negócios nacionais do setor de base florestal. Em maio, será realizada em Florianópolis, Santa Catarina (SC), mais uma edição do encontro Madeira Sustentável: O Futuro do Mercado, evento realizado pelo Cipem e o Fórum Nacional de Atividades de Base Florestal (FNBF). O simpósio que se consolida como um dos mais importantes do setor, reunirá especialistas, arquitetos e líderes para discutir inovações, sustentabilidade e as tendências do mercado florestal. Entre os dias 08 e 11 de abril, será a vez da capital paulista sediar a Feicon, considerada a maior feira do setor de construção civil e arquitetura da América Latina.

Ao longo de 2024, empresários do setor de base florestal associados e representados pelo Cipem participaram de feiras de negócios internacionais na França, China e Índia. No Brasil, marcaram presença em feiras setoriais nacionais como a ForMóbile, em São Paulo, a Espírito Madeira – Design de Origem, no Espírito Santo, além da promoção do evento “Madeira Sustentável: O Futuro do Mercado”, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro

Eventos como esses permitem demonstrar as boas práticas e eficiência dos processos de rastreabilidade da madeira nativa mato-grossense, possibilitam o intercâmbio de conhecimentos sobre gestão florestal e de informações para que profissionais de diversas áreas, como arquitetura, estejam inteirados sobre a legalidade e a qualidade dos produtos florestais locais, ações que fortalecem o setor florestal mato-grossense.

FONTE : ReporterMT

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