9 de janeiro de 2025 - 15:06

Ressurreição botânica: cientistas cultivam árvore semelhante ao Bálsamo de Gileade

Pesquisadores israelenses germinaram uma árvore a partir de uma semente com mais de mil anos, cuja descrição remete ao lendário Bálsamo de Gileade, amplamente mencionado em textos bíblicos e históricos.

O projeto, liderado por Sarah Sallon, do Hospital Hadassah, começou em 2010, após a descoberta da semente em uma caverna no deserto da Judeia.

O Bálsamo de Gileade é citado na Bíblia como um remédio precioso, famoso por suas propriedades medicinais e valor econômico. Durante o período do Antigo Testamento, era associado à região de Gileade, localizada no atual território da Jordânia, onde era cultivado e comercializado em larga escala.

Textos históricos, incluindo relatos de Heródoto e Plínio, o Velho, destacam sua relevância no comércio do Oriente Médio, sendo utilizado em unguentos, perfumes e tratamentos de saúde.

A semente germinada por Sallon, datada entre os séculos X e XIII, foi cuidadosamente plantada e resultou em uma árvore chamada Sheba, que atingiu 3,6 metros de altura. No entanto, análises indicam que Sheba não é exatamente o Bálsamo de Gileade, mas apresenta características próximas.

“Os relatos históricos variam”, explicou Sallon. “Antes da Era Comum, o Bálsamo era descrito como uma árvore de grande porte, mas, no século I, Plínio, o Velho, descreveu-a como um arbusto semelhante a uma videira.”

Sheba pertence ao gênero Commiphora, que inclui plantas como o incenso e a mirra, conhecidas por suas propriedades medicinais. A árvore contém compostos como triterpenos e esqualeno, utilizados em tratamentos antioxidantes e de cura da pele.

O trabalho de Sallon está focado na recuperação de plantas antigas e suas potenciais aplicações terapêuticas. “Embora Sheba não seja o Bálsamo de Gileade original, ela é um parente próximo e um tesouro de compostos medicinais”, destacou a pesquisadora.

A história do Bálsamo de Gileade remonta à Antiguidade, quando sua resina era considerada tão valiosa quanto ouro e intensamente disputada por impérios, incluindo Egito e Roma. Cultivado em jardins reais e utilizado em rituais religiosos e medicinais, seu cultivo desapareceu gradualmente após a queda do Império Bizantino e a subsequente islamização da região.

Além do trabalho com Sheba, Sallon e sua equipe realizaram outros projetos de ressurreição botânica. Em 2005, germinaram sementes de tamareiras com cerca de 2.000 anos, encontradas em escavações em Masada, no deserto da Judeia.

Uma dessas árvores, chamada Matusalém, foi cruzada com outra tamareira fêmea, batizada de Hannah, produzindo frutos 30% maiores do que as tâmaras modernas. A pesquisa busca não apenas preservar espécies antigas, mas também reintroduzir plantas extintas localmente.

“Nosso trabalho visa conservar essas plantas e, por meio da germinação de sementes antigas, reintroduzir espécies extintas na região de Israel”, explicou Sallon, enfatizando a importância histórica e medicinal dessas iniciativas, segundo informações de O Globo.

FONTE : Gospel Mais

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