10 de janeiro de 2025 - 16:17

Racha na Assembleia de Deus: ‘Culpa é dos pastores’, diz José Gonçalves

Disputas internas em convenções assembleianas têm ganhado visibilidade na mídia, despertando críticas e debates nas redes sociais. O teólogo e pastor José Gonçalves usou o Facebook para analisar o “racha” e pontuar erros.

Entre os eventos recentes, destacam-se a emancipação da CONFRADESPA no sul do Pará e a saída de alguns campos da AD COMADESMA no sul do Maranhão. As divisões internas, que são vistas como um “racha”, têm evidenciado desafios estruturais e pastorais na maior denominação pentecostal brasileira.

Análise sobre as divisões

O pastor e teólogo José Gonçalves, autor de diversas obras e comentarista das Lições Bíblicas da CPAD, abordou a questão em um texto intitulado “Estruturas Rachadas”.

Ele observa que, embora divisões sejam históricas no cristianismo, a frequência e intensidade dessas disputas no meio pentecostal brasileiro indicam problemas mais profundos. Gonçalves aponta que as disputas por poder em convenções assembleianas se tornaram recorrentes.

Baseando-se em uma análise teológica e no pensamento filosófico de Rousseau, Gonçalves destaca que o problema central não reside apenas nas estruturas organizacionais, mas no comportamento humano que as sustenta.

‘Pastores são o problema’

Em suas reflexões, Gonçalves cita um veterano pastor que afirmou: “O problema das igrejas são os pastores”. Ele critica a perpetuação de lideranças no poder, que desvia o foco pastoral, transformando líderes em chefes ou déspotas. A falta de rotatividade e o distanciamento dos princípios dos pioneiros das Assembleias de Deus, como Gunnar Vingren e William H. Durham, são identificados como fatores que alimentam os conflitos.

Durham, um dos líderes históricos do pentecostalismo, é lembrado por sua rejeição ao institucionalismo, expressa em sua frase: “Se você quer servir a Deus de forma agradável, fique fora das Instituições”. Gonçalves associa o abandono desses valores ao surgimento de disputas por poder e status.

‘Carreirismo pastoral’

Gonçalves também critica a mentalidade de “carreirismo”, que, segundo ele, transforma igrejas em empresas e pastores em executivos. Essa busca por status e poder, especialmente no contexto de grandes igrejas e convenções, tem levado líderes a se envolverem na política e em disputas públicas, gerando escândalos e divisões.

“Há uma mentalidade de ‘carreirismo’. Assim, as igrejas passaram a ser vistas como empresas e os pastores como executivos. No universo convencional, a coisa segue a mesma linha. Daí a briga para se pastorear uma grande igreja e, a todo custo, se manter no topo – na presidência de uma Convenção.” – Pr. José Gonçalves.

Gonçalves sugere que as convenções invistam em debates sobre os fundamentos da liderança cristã. Ele propõe a inclusão de temas práticos em seminários, como “Dez princípios bíblicos fundamentais para quem quer ser pastor ou presidente de Convenção” e “Como pensavam e viviam os Pioneiros”.

A seu ver, essas iniciativas permitiriam resgatar valores essenciais e promover uma liderança mais alinhada aos princípios originais do movimento pentecostal.

FONTE : Gospel Mais

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